Saiba
quem foi Frida Kahlo, ativista e artista mexicana.
Essa é
a semana de aniversário da Frida, e a Xepa vai ti contar um pouco sobre ela. Para entendermos as
pinturas de Frida Kahlo precisamos
conhecê-la.
Frida Kahlo
foi e ainda é uma das principais referências no mundo da arte. Além disso, destacou-se na política como
ativista na luta pelos direitos das
mulheres, tornando-se um símbolo para feministas, e pelo partido comunista
mexicano, mais que isso lutou pela reafirmação da identidade do povo mexicano,
coisa que transpareceu na estética: nas cores vivas, vestimentas e penteado.
Texto
integralmente retirado do site Uminha
Frida Nasceu em 1907 no México, mas gostava de declarar-se filha da
revolução ao dizer que havia nascido em 1910. Sua vida sempre foi marcada por grandes tragédias; aos seis anos
contraiu poliomelite, o que à deixou coxa. Já havia superado essa deficiência
quando o ônibus em que passeava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu multiplas
fraturas e uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia e saindo pela
vagina. Por causa deste último fez várias cirurgias e ficou muito tempo presa
em uma cama.
Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um
espelho em cima de sua cama. Frida sempre pintou a si mesma: "Eu
pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço
melhor". Suas angustias, suas vivências, seus medos e
principalmente
seu amor pelo marido Diego Rivera.
A sua vida com o marido sempre foi bastante tumultuada. Diego tinha
muitas amantes e Frida não ficava atrás, compensava as traições do marido com
amantes de ambos os sexos. A maior dor de Frida foi a impossibilidade de ter
filhos (embora tenha engravidado mais de uma vez, assequelas do acidente a
impossibilitaram de levar uma gestação até o final), o que ficou claro em
muitos dos seus quadros. Os seus quadros refletiam o momento pelo qual passava
e, embora fossem bastante "fortes", não eram surrealistas: "Pensaram
que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha
própria realidade". Frida contraiu uma pneumonia e morreu em 1954 de
embolia pulmonar, mas no seu diário a última frase causa dúvidas: "Espero
alegremente a saída - e espero nunca mais voltar - Frida". Talvez
Frida não suportasse mais.
Fique
agora com uma entrevista :
Texto
integralmente retirado do site Guia do Estudante
(Entrevistador
desconhecido)
Você nasceu em 1907, mas
gostava de dizer que era de 1910, ano que marcou o início da Revolução
Mexicana. Por quê?
Frida Kahlo – Era uma
licença poética, muchacha! Afinal, sempre me identifiquei com os ideais
nacionalistas que motivaram a derrubada da ditadura de Porfírio Diaz. Eu era
adolescente quando a revolução terminou, em 1917, com um saldo de mais de 1
milhão de mortos. Venustiano Carranza subiu ao poder e adotou um nacionalismo,
veja só, que fazia concessões a empresas americanas. Só alguns anos depois
entendi que o movimento não foi bem-sucedido politicamente, mas favoreceu uma
efervescência cultural que celebrava o retorno às nossas origens indígenas.
Foi por isso que você passou a usar saias longas e coloridas,
blusas com bordados, coques e fitas?
Minhas roupas são uma
extensão de minha manifestação artística. Comecei a usar esse estilo depois que
me casei com o Diego, em 1929. Ele levava muito a sério o compromisso de
pintar, em seus murais, temáticas sociais e históricas, usando elementos da
arte popular mexicana. Resolvi fazer isso também. Não só em meus quadros
daquela época, mas em meu jeito de vestir. Às vezes, usava uma espécie de
blusão, com uma trança na frente, que no México chamamos “huipil yalalteco”. Em
outras, colocava roupas de “tehuana”, com anáguas e bordados, símbolo da mulher
forte. O Diego adorava! Mas quando minha auto-estima ia para o chão – por causa
dele, lógico –, ou quando eu simplesmente queria provocar, vestia trajes
masculinos.
Sua relação com Diego Rivera não foi das mais tranqüilas, não é?
(Frida solta um longo
suspiro) Não, pelo contrário: foi uma turbulência! Casamos, nos divorciamos e
voltamos a casar. Tive vários relacionamentos extraconjugais, inclusive com
mulheres, mas ele – e só ele – foi o grande amor da minha vida. Diego me dizia
o mesmo, apesar de suas incontáveis puladas de cerca. Acredita que até com minha
irmã Cristina ele teve um caso? Hombre, como chorei no dia em que descobri. Eu
costumava dizer que sofri dois acidentes na vida: um foi no ônibus e o outro,
Diego. Porém, ele era minha seiva, minha inspiração, meu grande companheiro.
Graças a ele, me sentia a mulher mais especial do mundo.
Como foi a experiência de morar nos Estados Unidos?
Diego recebeu vários
convites para pintar murais ou expor trabalhos por lá. Por isso, moramos um
tempo em São Francisco, mas também estivemos algumas vezes em Detroit e Nova
York, entre outras cidades. Fiquei impressionada com o estilo de vida
americano, fincado no progresso industrial, na falta de valores humanos e na
ausência de tradições. Eu me perguntava: esse país não tem história? Cheguei a
pintar alguns quadros com essa indagação. Tudo tão frio e artificial... Às
vezes, me sentia num galinheiro sujo e incômodo. Acho que peguei pesado, não?
Pode cortar essa frase, se seu editor achar que é demais.
E o episódio do Rockefeller Center, em Manhattan?
Pois é, o Diego tanto
teimou em pôr um retrato do Lênin no mural que acabou sendo despedido! Veja
bem: Lênin num elegante edifício capitalista! Devo confessar que adorei a
irresponsabilidade dele... Éramos comunistas, por que negar isso?
O que os ideais do comunismo significavam para você?
Uma crença profunda e um
amparo nos momentos de desilusão. Eu era completamente devotada ao movimento
revolucionário. Jovem ainda, me filiei ao Partido Comunista Mexicano. Nem
sempre estive próxima da militância, mas jamais deixei de acreditar num mundo
sem classes, com justiça social. Lênin, Stálin, Mao... todos esses foram meus
ídolos.
E Trótski?
Chica, essa história já
deu o que falar. Eu e Diego conseguimos permissão para abrigar Trótski e a
mulher durante o asilo político dele no México, em 1937. Nós dois passávamos
boa parte do dia conversando sobre política e arte. Surgiu, então, uma
admiração mútua. Como eu estava separada de Diego, deixei rolar... E rolou. Foi
só um affair. Trótski era muito carinhoso, mas do jeito dele: russo demais e
latino de menos, entende?
Se pudesse, você mudaria algo em sua vida? Faria algo diferente?
Nada. É claro que
preferiria não ter sofrido o acidente, mas isso estava além do meu controle.
Também queria muito ter sido mãe, mas não consegui. De qualquer modo, vivi o
suficiente. É como eu disse na última linha do meu diário: “Aguardo alegre a
saída e espero não voltar jamais”.
*Maria Fernanda Vomero é
editora de cinema da revista Bravo. É fã de Frida Kahlo e de seus
auto-retratos, que, segundo ela, expressam a alma feminina de modo universal.
Quando esteve no México, no ano passado, fez questão de ir ao museu sobre a
pintora. Em São Paulo, quando não está vendo filmes, até arrisca umas
pinceladas.
Referências