Quando o assunto é cinema nacional, muita gente já solta aquele famoso discurso “ah, filme brasileiro é muito ruim”, “filme brasileiro é fraco”, “Brasil não faz filme bom”. Mas será que essa ideia faz mesmo sentido? Ou é apenas um reflexo de preconceitos e desconhecimento? Por trás dessa opinião, existe uma indústria cheia de lutas, conquistas e produções que marcaram épocas e gerações, feitas por pessoas talentosas que colocam o Brasil no mapa do audiovisual mundial. Então, será que você conhece a história do nosso cinema e essas obras?
O cinema brasileiro começou lá no finalzinho do século XIX, quando os irmãos Paschoal Affonso e Segreto filmaram a Baía de Guanabara em 19 de julho de 1898. Apesar desse registro ter sido perdido, a data marcou o nascimento do nosso cinema, sendo conhecida como o dia do cinema brasileiro. Nos primeiros anos, tudo era improvisado, faltava eletricidade, as salas de exibição eram poucas e muitos filmes mostrados vinham de fora, principalmente da Europa. Mesmo assim, os primeiros cineastas brasileiros já registravam o cotidiano, as cidades, as festas e até alguns crimes que inspiraram ficções.
Mas essa fase durou pouco. Com a Primeira Guerra Mundial, a produção europeia caiu e os filmes estadunidenses começaram a dominar as telas brasileiras. Hollywood adentrou nosso cinema com histórias bem estruturadas, ritmo e finais felizes, um "padrão" que conquistou o público e enfraqueceu ainda mais as produções nacionais.
Mesmo nesse cenário, surgiram grandes estúdios como a Cinédia, nos anos 1930, que tentaram seguir um modelo mais profissional e até simpatizar com o estilo hollywoodiano. Foi nessa época que Carmen Miranda virou estrela e que o cinema sonoro finalmente ganhou força no Brasil. Pouco tempo depois, nos anos de 1940 e 1950, veio um dos fenômenos mais engraçados e populares do país, as chancadas. Eram comédias leves, divertidas e cheias de músicas, com figuras como Oscarito e Grand Otelo. A crítica repreendia, mas o público abraçava e lotava os cinemas.
Enquanto isso, outro movimento completamente diferente estava nascendo. No final dos anos 1950 e início dos 1960, jovens cineastas começaram a questionar essa tentativa de produzir um cinema "padronizado" no modelo de Hollywood. Assim surgiu o cinema novo, liderado por Glauber Rocha. A ideia era mostrar a realidade do Brasil sem maquiagem, destacando a pobreza, desigualdade, conflitos sociais. Era um cinema mais político, direto e cheio de significado. Filmes como Vidas Secas, Deus e o Diabo na Terra do Sol e Terra em Transe marcaram profundamente a história do audiovisual brasileiro.
Ao mesmo tempo houve também o cinema marginal, mais experimental e radical, que rejeitava qualquer forma tradicional de narrativa. Foi um período de busca por liberdade artística num país vivendo sob a pressão da ditadura militar.
Para tentar organizar e fortalecer a indústria, o governo criou em 1969, a Embrafilme, responsável por financiar, distribuir e incentivar o cinema nacional. Esse foi um momento importante pois vários filmes brasileiros passaram a circular mais, ganhar bilheterias enormes e alcançar o público de forma muito mais ampla. Dona Flor e Seus Dois Maridos, Os Trapalhões e diversos filmes comerciais marcaram presença forte nas salas.
Porém , nos anos 1980, o Brasil enfrentou uma crise econômica séria. O videocassete se popularizou, as pessoas foram menos ao cinema e a produção nacional despencou. a situação piorou de vez em 1990, quando o governo Collor acabou com a Embrafilme e praticamente destruiu o pouco avanço que ainda existia. Em 1992, por exemplo, só três filmes brasileiros foram lançados em todo o país.
Foi aí que, a partir de 1994, começou a fase chamada retomada. Novas leis de incentivo ressuscitaram o cinema nacional, e uma série de filmes importantes voltou a aparecer. Carlota Joaquina abriu caminho para obras como O Quatrilho, O Que É Isso, Companheiro? e Central do Brasil, que ganharam destaque internacional e até indicações ao Oscar. Apesar disso, ainda era difícil competir com Hollywood dentro do próprio país, mas o cinema brasileiro voltou a ter voz, qualidade e reconhecimento.
O filme que marcou o fim simbólico da retomada foi Cidade de Deus(2002), de Fernando Meirelles. Ele explodiu no mundo inteiro, recebeu quatro indicações ao Oscar e mostrou que o Brasil podia, sim, fazer cinema de altíssimo nível.
Depois disso, na fase chamada pós retomada, o cinema brasileiro se consolidou com produções comerciais de grande público, como Tropa de Elite, Minha Mãe É Uma Peça e De Pernas pro Ar, ao mesmo tempo em que produções independentes começaram a ganhar força em festivais internacionais. Diretores como Kleber Mendonça Filho, Gabriel Mascaro, Petra Costa e Anna Muylaert mostraram que o Brasil sabe fazer cinema diverso, corajoso e autoral.
Mesmo com crises recentes, corte de verbas e incertezas políticas, o audiovisual brasileiro continua vivo, agora contando também com o apoio de plataformas de streaming, da internet e das novas formas de produção.


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