Os incêndios não param de destruir a vegetação nativa do Pantanal, dizimando também a fauna. Em meio a isso tudo, povos indígenas nativos da região sofrem e compartilham o mesmo sentimento que os animais e a vegetação, de que sua casa está sendo destruída.
Segundo levantamento da Agência Pública com base em dados de satélite do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apenas neste mês de setembro, já foram quase 164 focos de incêndio afetando quase metade das terras indígenas do Pantanal. O fogo era tanto que obrigou a Funai (Fundação Nacional do Índio) a retirar às pressas 45 indígenas de quatro aldeias da reserva Tereza Cristina, em Santo Antônio de Leverger (MT). “O fogo se iniciou de fora da terra indígena. Quando veio, veio com tudo, entrou de uma hora para outra”, relata o educador indígena Estêvão Bororo, conhecido como Estevinho.
A Agência Pública procurou Estevinho depois de ter verificado, nas imagens de satélite, que a Tribo Indígena(TI) Tereza Cristina, do povo Bororo, estava tomada por focos de incêndio. O território, que fica numa área de transição do Cerrado para o Pantanal no município de Santo Antônio do Leverger, registrou 86 focos de incêndio, 81 deles apenas nas duas primeiras semanas de setembro.
Segundo o indígena, as queimadas haviam começado primeiro fora do Pantanal, na área de Cerrado da TI Tadarimana, que fica no município vizinho de Rondonópolis – região de plantações de soja, algodão e milho. Estevinho conta que, em julho, incêndios tomaram 60% da Tadarimana. Já agora em setembro, com a migração das queimadas para a área da Tereza Cristina e de outras terras dos Bororo no Pantanal, indígenas precisaram sair de suas casas e se refugiar justamente na Tadarimana, que enfrentou as queimadas antes.
A situação é crítica também na Baía dos Guató, terra do povo Guató, no município de Barão de Melgaço, vizinho de Santo Antônio do Leverger. Os dados de satélite do Inpe registram 57 focos de incêndio na área em setembro e 85 em agosto. Quase toda a extensão da terra foi tomada por focos. A terra dos Guató fica próxima ao Parque Estadual Encontro das Águas, que também foi tomado por focos de incêndio: foram 456 apenas em agosto e setembro. Segundo reportagem do G1, 85% da área do parque foi destruída pelas queimadas.
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