quarta-feira, 21 de dezembro de 2022

As despedidas

Fim: substantivo masculino, que nos remete o momento em que algo se interrompe ou se encerra.



Acredito que o significado dessa palavra não seja uma novidade para nós, pois por mais que não desejemos, ele sempre acontece. As despedidas estão diretamente relacionadas ao fim, são momentos em que fechamos um ciclo, independente do que seja, alguma coisa se encerra e devemos abrir mão das coisas ou pessoas.

despedidas são dolorosas, algumas mais que outras, mas sempre doem de alguma forma, pois nos  apegamos as coisas que consideramos importantes e não desejamos nos desfazer. Fato em que quase sempre faz com que nos questionemos em relação ao futuro.

Mas isso é realmente algo apenas ruim? Para muitos as despedidas não tem sentido ou significado, mas penso que ela serve de lição para nossa vida. Como já mencionado antes, algo sempre se encerra, e junto dela trará aprendizados. 

A despedidas escolares fecham um ciclo de amizade, autoconhecimento e aprendizado escolar para que possamos finalmente conhecer o mundo; O termino de um relacionamento nos ensina a como lidar não só com os nossos sentimentos, mas também com os da pessoa que ama; E a morte nos mostra a realidade, a realidade de que a vida certamente tem um fim e que não devemos depender ou se prender as pessoas para sobreviver.

O fim é inevitável, mas ele não apaga os momentos bons, da mesma forma que pode ser uma oportunidade para que possamos crescer, para que criemos a nossa própria historia. Pois sejam jovens, sejam adultos, todos nos temos o direito de amar, de sorrir, de Ser Feliz.

O fim é a porta para um novo começo!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2022

O Homem que Calculava - Malba Tahan

 


    Publicado em 1938 por Malba Tahan, heterônimo de Júlio César de Melo e Sousa. O livro, que se inicia com a curiosidade do narrador em relação a um homem persa (Beremiz Samir) que dizia números grandes como 1423745, ou então, 2321866, se desenrola com a resolução de enigmas matemáticos conforme as situações enfrentadas. A narrativa trabalha com a matemática de forma leve e cotidiana no cenário islâmico medieval.

    Beremiz se torna bastante requisitado em Bagdá ao descobrirem seu talento e sabedoria não só para a matemática, mas para a vida. Suas proezas chegam até aos ouvidos do califa, que o testa por sete sábios.

    A obra trabalha conceitos de unidade e medida, aritmética, álgebra, geometria, mecânica e astronomia.

    "Todas se auxiliam mutuamente. A matemática é a base de todas as ciências e de todas as artes."

    Além disso, conceitos interessantes são apresentados ao decorrer da história, como: 

→ Amizade quadrática:

Exemplo: 13 e 16

13² = 169 (1+6+9 = 16)

16² = 256 (2+5+6 = 13)

→ Os Quatro Quatros:

Pode-se formar um número qualquer (de um a cem) usando quatro quatros.

 - para 0 = 44 - 44

- para 1 = 44/44

- para 2 = 4/4 + 4/4

- para 3 = (4+4+4)/4

- para 4 = 4 + (4-4)/4

e assim sucessivamente.

→ Número perfeito:

É a propriedade de ser igual à soma de seus divisores, excluindo o próprio número.

28 é divisível por 1, 2 ,4, 7 e 14

1 +2 + 4 + 7 + 14 = 28

→ Números amigos:

220 é divisível por 1, 2, 3, 4, 5, 10, 11, 20, 22, 44, 55 e 100 (soma = 284)

284 é divisível por 1, 2 , 4 , 71 e 142 (soma = 220)

→ Quadrado mágico:


→ Pitágoras:

Exprime uma verdade eterna: a soma dos catetos ao quadrado é igual ao quadrado da hipotenusa.

→ Volume de uma pirâmide:

Multiplica-se a terça parte da área da base pela altura.

→ Contagem:

Contar é um dos poucos assuntos em torno do qual os homens não divergem, pois o têm como a coisa mais simples e natural.

→ Cubos iguais:

8³ = 512 (5 + 1 + 2 = 8)

27³ = 19683 (1 + 9 + 6 + 8 + 3 = 27)

"As proporções que nos parecem perfeitas estão, por vezes, falseadas pelo erro. Da incerteza dos cálculos é que resulta o indiscutível prestígio da Matemática"


ENIGMAS

→ 35 camelos para 3 irmãos:

Herança = 35 camelos 

Irmão mais velho = metade

Irmão do meio = terça parte

Irmão mais novo = nona parte

A princípio, não daria uma divisão de número inteiro, mas o Beremiz adiciona seu camelo à soma:

36/2 = 18 camelos ao mais velho

36/3 = 12 camelos ao do meio

36/9 = 4 camelos ao mais novo

18 + 12 + 4 = 34, ou seja, restaram dois, que ficou com o calculista e com o narrador (Hank Tade-Maiá).


→ 8 pães para 3 pessoas:

Narrador = 3 pães

Beremiz = 5 pães

Salém foi saqueado e pretende dividir os pães.

* a divisão simples:

Narrador: 3 pães, então 3 moedas

Beremiz: 5 pães, então 5 moedas

* a divisão certa: 

8 pães = 24 pedaços (divididos por três)

Narrador tinha 9, mas comeu 8, então 1 moeda

Beremiz tinha 15, mas comeu 8, então 7 moedas

 * a divisão perfeita:

Narrador e Beremiz com 4 moedas cada.


→ Dívida do Joalheiro:


400 ----- 15

  40 ----- x

x = 6 (acréscimos)

20 + 6 = 26 dinares


→ Turbante Azul:

Mercador emprestou 50 dinares a um Xeque e outros 50 a um Judeu.


    Nas contas de pagamento, os saldos devedores não têm relação alguma com o total da dívida.


→ 7 cheios, 7 meio cheios e 7 vazios:

21 vasos para 3 sócios (mesmas quantias do líquido)


→ A recompensa do jogo de xadrez:

S = 2⁶⁴ - 1 (Progressão geométrica)

S = 18446744073709551616 - 1

S = 18 446 744 073 709 551 615 (o equivalente a 450 séculos plantando no planeta inteiro para suprir essa quantidade de trigo como recompensa).


→ Outros enigmas que valem a pena serem pesquisados:

* Falsa indução matemática;

* Fábula 3x3 e 3x2;

* Os 5 discos;

* As 8 pérolas;

* O problema dos olhos pretos e azuis.

    "E aqui termino, sem fórmulas e sem números, a história simples da vida do Homem que Calculava. A verdadeira felicidade - segundo afirma Beremiz - só pode existir à sombra da religião cristã. Louvado seja Deus."

    

sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Porque ler “Quarto de despejo”? (Uma história, mil temas)





 
 Carolina Maria de Jesus, a autora da obra “Quarto de despejo” nasceu em Sacramento, Minas Gerais, em 1914, e se mudou para São Paulo em 1947, onde foi empregada doméstica e, mais tarde, passou a catar papel e outros materiais reutilizáveis. Carolina era uma mulher negra, mãe solo, com pouca escolaridade e moradora da periferia. Talvez por essa razão o sucesso de Quarto de despejo não tenha sido suficiente para fazer Carolina ser lembrada com mais frequência quando se fala em literatura brasileira.

Ao longo do enredo, Carolina mostra a dura realidade que é morar na periferia, diz como é difícil criar seus 3 filhos com segurança e saúde em um lugar tão hostil, repleto de más influências. Além do mais, ela luta pra viver o livro inteiro, catando e vendendo tudo que tem para ganhar alguns cruzeiros e comprar coisas básicas, como sabão e pão.

Apesar de todas as dificuldades, Carolina tem suas horas de maior tranquilidade quando mergulha nos livros, diz ela que via a leitura e a escrita como uma forma de se esquecer, por alguns instantes, das amarguras da vida que levava e de não enlouquecer. 

O livro é escrito com todas as marcas de linguagem de uma mulher que teve baixissímo acesso a educação além de retratar a fome, o desemprego, brigas dentro da comunidade, negligência política, preconceitos frequentes e não menos importante, a vida de uma mãe, mulher batalhadora que só quer se ver livre daquelas condições.

"Quarto de despejo" é uma obra muito rica, cheia de emoções, aprendizados, reflexões e que vale muito a pena conhecer, além do enriquecimento intelectual ela ainda pode cair em muitas provas de concursos e vestibulares em.

Para saber mais: segue o livro em pdf http://dpid.cidadaopg.sp.gov.br/pde/arquivos/1623677495235~Quarto%20de%20Despejo%20-%20Maria%20Carolina%20de%20Jesus.pdf.pdf