No artigo anterior, explicamos um contexto geral do início dos conflitos armados entre Israel e Palestina, até sua situação atualmente, quando esse artigo vos é escrito. Mas, além de um resumo geral, é necessário entender que outros agentes - sejam esses países ou organizações - estão envolvidos, de maneira indireta ou nivelada, nesse processo de guerra. Quem são e quais as atuações de alguns dos principais fatores influentes que não são, tão necessariamente, midiaticamente comentados, serão abordados nesse texto.
À esquerda, membro do grupo político Hamas; ao centro, Ali Khamenei, Líder Supremo do Irã; à direita, Joe Biden, Presidente dos Estados Unidos. |
Hamas: não é a Palestina
Durante o dia 07 de outubro, uma chuva de mísseis foi lançada pelo partido político Hamas, partindo da Faixa de Gaza e atingindo a região de Tel Aviv (atual capital do Estado de Israel) e a cidade de Jerusalém. A partir desse ataque, resultando no sequestro e morte de milhares de vítimas, as redes sociais se mobilizaram, em parte, para uma campanha “pró-Israel”. Diante dessa polêmica, tem-se como pauta urgente o entendimento da diferença entre o Hamas e a própria Palestina, uma vez que tal movimento político não representa, necessariamente, a posição dos palestinos.
O Hamas, tendo seu nome traduzido do árabe para “Movimento de Resistência Islâmica”, foi fundado em 1987, como um movimento de resistência. Isso porque, nesse ano, acontecia a Primeira Intifada palestina, com o intuito de resistir às ocupações israelenses das regiões da Cisjordânia e Faixa de Gaza - tendo seu final apenas com o Acordo de Oslo. É importante reiterar, ainda, que esse grupo militante é uma ramificação da Irmandade Muçulmana. Essa organização apresenta origem no Egito, tendo surgido com o intuito de libertar a pátria islâmica, e é conhecida, atualmente, por seus princípios radicais. Após sua atuação na Primeira Intifada, o Hamas prosseguiu com bombardeios ao Estado de Israel, tendo, supostamente, financiamento bélico e monetário pelo Irã. Além disso, no ano de 2007, com a retirada da população israelense da Faixa de Gaza e a ocorrência das eleições políticas, Hamas torna-se o partido político vencedor e recebe o poder de controle da região.
Com esse novo controle, o Hamas se recusa a realizar acordos políticos e colaborações com demais partidos opositores, instituindo fortes bloqueios econômicos para o território. Essas decisões políticas agravam-se com as repostas de Israel para essas declarações - sendo essas, tanto bélicas, como bombardeios, quanto políticas, como a impossibilidade de chegada de água, de instituições escolares, de materiais de construções e, até mesmo, apoio de ONGs. Com isso, tem-se uma série de consequências negativas para a região, como a pobreza extrema e a baixa qualidade de vida. Portanto, mesmo lutando contra Israel, o Hamas influencia, negativamente, e agrava a situação de milhares de palestinos, principalmente viventes da Faixa de Gaza. A região é considerada, atualmente, o maior “cárcere a céu aberto”.