terça-feira, 24 de setembro de 2024

7 de setembro: O perigo de uma história única

     “Independência ou morte? ”, grito que Dom Pedro deu as margens do Rio Ipiranga, dia 7 de setembro de 1822, considerado feriado nacional, marcou um ponto crucial na nossa história, pois a partir de então o Brasil deixou de ser colônia de Portugal e passou a ter sua independência como Estado.


    Quando falamos da independência do Brasil, na maioria das vezes, imaginamos o quadro “Grito do Ipiranga”, pintado por Pedro Américo. Essa arte foi encomendada e atualmente encontra-se no Museu do Ipiranga em São Paulo. Ela retrata de forma gloriosa o dia desse acontecimento. Ao observá-la percebe-se que Dom Pedro recebe uma posição de destaque, por ser retratado quase ao centro, com trajes nobres e com a mão, em que segura a espada, voltada para alto, demonstrando bravura e heroísmo. Em seu entorno, há muitos cavaleiros montados em cavalos, que são pintados de uma maneira que traz um movimento a imagem, como se estivessem prestes a cavalgar, os trajes são típicos da posição social e muitos estão com suas espadas esquivadas para o alto, seguradas pela mão direita, mostrando formalidade e sincronia. Enfim, tudo é muito idealizado. Mas, será que realmente foi dessa forma? 

    Não, não foi assim. Esse evento ocorreu em 1822 e o quadro foi pintado por um artista que nascera tempos depois, em 1843. Pedro Américo analisou diversos documentos históricos, vestes imperiais, visitou o local, entre outros. Tudo para que pudesse ser realizada uma obra de exaltação ao grande feito, que pudesse transmitir um caráter esplendoroso, retratando algo muito diferente do que realmente aconteceu. Alguns historiadores dizem que possivelmente Dom Pedro parou no Rio Ipiranga pelo fato de estar sofrendo de problemas intestinais que o obrigava a fazer paradas no trajeto. Também fizeram esse longo percurso, do Rio de Janeiro a São Paulo, de mula, por ser um animal que tem uma maior resistência a peso, vestia trajes simples e não estava acompanhado de muitas pessoas. Além disso, o imperador estava sendo pressionado para retornar a Portugal, sendo aconselhado por sua corte a fazer a separação da coroa portuguesa com o Brasil.

    Com essa desconstrução do quadro, podemos fazer uma alusão ao “Perigo de uma História Única” de Chimamanda Adichie, obra em que ela nos ensina que muitas das vezes conhecemos apenas um lado da história e a tornamos uma verdade universal. Assim foi e é o dia 7 de setembro, um dia que é retratado e ensinado de maneira idealizada, o que faz com que alunos sejam facilmente convencidos de que aquilo é real. Isso nos mostra a importância de questionar e buscar outras versões de uma mesma história, para não nos tornarmos ignorantes e réus.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Uma viagem dentro da nossa "divertida" mente

No filme “Divertida Mente 2”, a mente humana é muito bem retratada, visto que especialistas, psicólogos e psiquiatras fizeram parte do processo de produção da animação. Nesta trama, a protagonista Riley está entrando na fase da adolescência e acompanhamos o surgimento de quatro novas emoções: Inveja, Ansiedade, Tédio e Vergonha. Esse roteiro tem base nas conclusões do americano Paul Ekman, que afirma que essas emoções são universais, sendo que as retratadas no primeiro filme estão presentes em nossa vida desde que nascemos e evoluem conosco, se tornando mais complexas.

A reflexão mais importante que o filme nos traz é a percepção de que nenhuma emoção é ruim e que é normal sentirmos todas elas, sendo que não precisamos ficar preocupados em sentir ansiedade, por exemplo. As emoções que podem ser consideradas como “vilãs” também são importantes para o nosso desenvolvimento:

  • Tristeza: é uma emoção que permite enxergar com clareza a realidade. No filme, até mesmo a personagem Alegria passa por um momento triste, mostrando que ninguém é feliz o tempo inteiro. A Tristeza também é uma das emoções que mais ajuda a controlar a ansiedade da Riley;
  • Raiva: não aceita as injustiças, permitindo que a vida aconteça apesar delas e evitando as pessoas de se passarem por “bobas”;
  • Medo e Nojinho: ambas as emoções são essenciais em determinados momentos, pois evitam o perigo e ajudam na manutenção da nossa saúde. Por exemplo, o nojo impede de comer determinado alimento estragado;
  • Tédio: muito bem representado com o uso do celular, já que os adolescentes pensam erroneamente que o smartphone vai salvá-los do tédio, sendo que acontece justamente o contrário. Porém, na fase da puberdade, essa emoção ajuda a diminuir a intensidade dos sentimentos;
  • Inveja: existem pesquisas que mostram dois tipos de inveja, uma maléfica e outra benigna. A benéfica, ajuda a identificar e lutar para conquistar os interesses;
  • Vergonha: impede o ser de tomar atitudes constrangedoras e de receber julgamentos;
  • Ansiedade: se controlada, permite antecipar determinados cenários, deixando-nos preparados para enfrentar algumas situações. A ansiedade para uma prova faz com que o sujeito estude e fique preparado, levando a um bom resultado final.

O problema é quando deixamos que somente uma emoção assuma o controle, como retratado na crise de ansiedade da Riley. Nenhuma emoção em excesso é benéfica, por isso é importante tentar manter um equilíbrio entre elas, sem tentar reprimir ou sentir somente uma emoção. Atualmente, numa sociedade que prega o tempo inteiro a alegria, somos tentados a pensar que o certo é estar totalmente feliz o tempo inteiro. Mas isso é impossível e também prejudica em certo ponto, por isso, não se cobre tanto para estar feliz a todo momento! A Alegria diz “acho que é normal sentirmos menos alegria quando crescemos”, mostrando que está tudo bem você acolher outras emoções.

Até a próxima!

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