“Independência ou morte? ”, grito que Dom Pedro deu as margens do Rio Ipiranga, dia 7 de setembro de 1822, considerado feriado nacional, marcou um ponto crucial na nossa história, pois a partir de então o Brasil deixou de ser colônia de Portugal e passou a ter sua independência como Estado.
Quando falamos da independência do Brasil, na maioria das vezes, imaginamos o quadro “Grito do Ipiranga”, pintado por Pedro Américo. Essa arte foi encomendada e atualmente encontra-se no Museu do Ipiranga em São Paulo. Ela retrata de forma gloriosa o dia desse acontecimento. Ao observá-la percebe-se que Dom Pedro recebe uma posição de destaque, por ser retratado quase ao centro, com trajes nobres e com a mão, em que segura a espada, voltada para alto, demonstrando bravura e heroísmo. Em seu entorno, há muitos cavaleiros montados em cavalos, que são pintados de uma maneira que traz um movimento a imagem, como se estivessem prestes a cavalgar, os trajes são típicos da posição social e muitos estão com suas espadas esquivadas para o alto, seguradas pela mão direita, mostrando formalidade e sincronia. Enfim, tudo é muito idealizado. Mas, será que realmente foi dessa forma?
Não, não foi assim. Esse evento ocorreu em 1822 e o quadro foi pintado por um artista que nascera tempos depois, em 1843. Pedro Américo analisou diversos documentos históricos, vestes imperiais, visitou o local, entre outros. Tudo para que pudesse ser realizada uma obra de exaltação ao grande feito, que pudesse transmitir um caráter esplendoroso, retratando algo muito diferente do que realmente aconteceu. Alguns historiadores dizem que possivelmente Dom Pedro parou no Rio Ipiranga pelo fato de estar sofrendo de problemas intestinais que o obrigava a fazer paradas no trajeto. Também fizeram esse longo percurso, do Rio de Janeiro a São Paulo, de mula, por ser um animal que tem uma maior resistência a peso, vestia trajes simples e não estava acompanhado de muitas pessoas. Além disso, o imperador estava sendo pressionado para retornar a Portugal, sendo aconselhado por sua corte a fazer a separação da coroa portuguesa com o Brasil.
Com essa desconstrução do quadro, podemos fazer uma alusão ao “Perigo de uma História Única” de Chimamanda Adichie, obra em que ela nos ensina que muitas das vezes conhecemos apenas um lado da história e a tornamos uma verdade universal. Assim foi e é o dia 7 de setembro, um dia que é retratado e ensinado de maneira idealizada, o que faz com que alunos sejam facilmente convencidos de que aquilo é real. Isso nos mostra a importância de questionar e buscar outras versões de uma mesma história, para não nos tornarmos ignorantes e réus.
Até a próxima!
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