sábado, 29 de novembro de 2025

Vida loka é quem estuda

   Você já parou pra pensar que, mesmo com 18, muita gente ainda deixa os outros decidirem por ela? E não é só sobre o que vestir ou que curso escolher, é sobre vida, escolhas e futuro.

   Kant dizia que a menoridade é quando alguém não consegue usar seu próprio entendimento sem a tutela de outro. Crescer significa sair dessa zona de conforto, encarar que ninguém vai decidir por você e que, se você não pensar, alguém vai fazer isso por você, muitas vezes de forma perigosa. Às vezes pode ser desconfortável refletir, mas é algo irrefutavelmente necessário.

   A maioria dos jovens passa anos seguindo padrões: memes, tendências, expectativas de família ou do grupo de amigos, e ao fim, parece seguro, mas é como viver no piloto automático. Uma pesquisa da Common Sense Media mostrou que quase 8 em cada 10 adolescentes dizem que as redes sociais aumentam a pressão para “parecer bem” ou se apresentar de determinada maneira, o que ajuda a explicar por que a exposição constante a padrões externos atrapalha a autonomia nas decisões importantes.

   Mas existe saída, pois sair da menoridade não é só conceito filosófico, é uma ação diária, bem como, uma luta constante, podendo ser enfatizado aqui em “vida loka é quem estuda”, do poeta brasileiro Sérgio Vaz. Vida loka não é se perder em festas ou rolês infinitos, é estudar a vida, estudar a si mesmo, decifrar sua classe social e os obstáculos que ela impõe, aprendendo a questionar tudo e filtrar informações, porque quem manda muitas vezes quer te manter refém. 

   Quem desenvolve autonomia intelectual constrói imunidade contra manipulação, entende suas prioridades de verdade e toma decisões conscientes, sem se dobrar a regras que não escolheu. Isso é resistência e um mecanismo combativo, pois estudar é o ato mais radical que você pode fazer contra um mundo que te quer atrofiado à ignorância e alienado pelo medo.

Uma solução real é criar micro-hábitos de autonomia:

  1. Questione tudo: cada decisão importante, pergunte a si mesmo se é realmente sua ou influência externa. Às vezes, essa vontade pode não ser a sua.
  2. Aprenda algo novo por conta própria: domine algo que ninguém te obrigou a aprender, seja um vídeo, podcast, livro ou tutorial no YouTube. Escolha o que estudar, e só você decide o valor do seu conhecimento.
  3. Registre seus pensamentos: escrever ajuda a perceber padrões de dependência, desejos reais e medos.

   Referências culturais podem ajudar a internalizar: no filme Matrix, Neo precisa escolher entre a pílula azul, indicando seguir cegamente o que outros decidem por você, e a vermelha, estabelecendo questionamentos, como pensar por si mesmo e enfrentar o desconhecido. Sair da menoridade é escolher a pílula vermelha todos os dias, mesmo que assuste, pois o real assustador, é tornar inoperante o cérebro que tentou gritar até pensar.

   Ao aplicar essas pequenas práticas, você cria autonomia real, pois não é algo que envolve somente filosofia, isso traz treino mental sob sua condição lenta, porém, durável e permanente, em que cada decisão consciente fortalece a confiança em si mesmo. Você percebe que pensar sozinho é libertador, desse modo, a vida passa a ter significado próprio e os conselhos dos outros deixam de ser uma prisão.

    No fim, a pergunta permanece: você vai continuar no piloto automático ou vai assumir o controle da sua mente e da sua vida? Crescer dói, mas nada é mais poderoso do que perceber que sua própria razão é a sua maior ferramenta.


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