Para
as discussões serem menos pautadas no senso comum e compartilhando a postagem
feita pelo Catraca Livre, a Xepa informa 5 argumentos favoráveis a legalização
do aborto e também 5 argumentos contrários a ele.
Argumentos favoráveis
a Legalização do Aborto:
Texto
integralmente extraído do Catraca Livre
https://catracalivre.com.br/geral/cidadania/indicacao/5-coisas-que-voce-precisa-saber-sobre-aborto/
Escrito
por: Julia Zanolli
1. Lei
O que diz a lei?
Atualmente
o aborto é considerado um crime contra a vida no Brasil, de acordo com o artigo
124 do Código Penal Brasileiro. A legislação entende que embora o feto
ainda não seja uma pessoa, pois não pode sobreviver de forma independente, já é
um "sujeito de direitos".
A pena
prevista é de um a três anos no caso de aborto provocado pela gestante ou com
seu consentimento e de três a dez a dez anos caso o aborto seja provocado por
terceiro sem o consentimento da gestante.
O aborto
não é considerado crime em apenas três situações: em caso de estupro, risco de
vida da mãe e anencefalia do feto.
2. Mortes
O aborto é quinta
causa de morte materna no Brasil.
Segundo uma reportagem da Agência Pública, a cada dois dias uma mulher morre vítima de
aborto inseguro no Brasil. No total, são 1 milhão de abortos clandestinos
e 250 mil internações por complicações por ano.
De acordo
com Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 20 milhões dos abortos
são realizados anualmente de forma insegura, resultando na morte de 70 mil
mulheres, sobretudo em países pobres e com legislações restritivas ao aborto.
Confira o
documentário "Clandestinas", sobre mulheres que fizeram abortos
ilegais.
3. Saúde Pública
Aborto é uma
questão de saúde pública? Confira a opinião de duas médicas sobre o tema.
Roseane Mattar é médica, professora livre docente
do departamento de obstetrícia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e
coordenadora do serviço de assistência a vítimas de violência sexual
"Pesquisas
e experiências de outros países nos mostram que a legalização do aborto não
aumenta a frequência de abortamento. Quando a paciente realmente não quer
a gestação, ela acaba abortando mesmo que seja de uma forma não segura e
isso pode causar risco de vida. É uma questão muito difícil, são varias
esferas que se entrecruzam, mas quem deveria decidir se o aborto deve ou não
ser realizado é o medico em conjunto com a paciente."
Virgínia Junqueira é médica, professora da Unifesp
e atua na área de saúde coletiva
"A
maior parte das mulheres brasileiras não tem acesso a um bom ginecologista e a
métodos contraceptivos. Muitas vezes a própria família ou a religião é contra a
contracepção. Como o aborto é considerado um crime, temos um problema de saúde
que muitas vezes não é contabilizado como tal. E sem saber o tamanho do
problema não temos como lidar com ele. A mulher já é culpabilizada pela
sociedade, mas não precisaria ser punida pelo sistema médico. Uma coisa é descriminalizar,
a outra é banalizar o aborto. Não é uma coisa corriqueira para nenhuma mulher e
ela precisa ser acolhida nesse momento".
4. É crime
O que significa
descriminalizar o aborto?
Quem explica é a advogada Sheila Torquato
Humphreys, mestre em direito internacional pela Universidade de Lisboa e sócia
no Torquato Tillo Advogados Associados, onde é responsável pela área de direito
civil
"Descriminalizar
é fazer com que algo que era criminoso e torne-se neutro. Mas
a constituição não trata do aborto em si, mas de questões
fundamentais como o direito à vida. O que não podemos é ter
incongruências. Para que o aborto fosse descriminalizado no Brasil seria
necessário rever a constituição e discutir o que é a vida e a partir de qual
momento ela começa. Se essa discussão acontecer, espero que a gente possa
tratar da causa do problema, que é a prevenção, e não só o aborto em si, que a
consequência."
Foto:
Jorge Bispo/ Tpm
Uma campanha da revista Tpm colocou o assunto em pauta: precisamos falar
sobre aborto
5. Descriminalizar X
Legalizar
Qual é a
diferença entre descriminalizar e legalizar?
Quem responde é Camila Vanderlei
Vilela, advogada pós-graduada em direito civil e sócia do escritório
Jacinto Advogados
"O
efeito de descriminalizar e legalizar é o mesmo. A partir do momento que algo
deixa de ser crime é automaticamente legalizado. Quando a lei
simplesmente silencia sobre um tema, quando não tipifica aquilo como crime,
significa que é permitido. No entanto, ao legalizar você define o que é
permitido e regulamentado por lei. Seria determinar até quantas semanas é
permitido o aborto e em quais circunstâncias ele pode ser realizado, por
exemplo."
Confira a posição de Luka Franca, que atua na
Frente Nacional Contra a Criminalização de Mulheres e Pela Legalização do
Aborto
"O
movimento feminista defende a legalização do aborto, não só a
descriminalização. Entendemos que isso vai além da questão de saúde
publica, é também uma questão de direito da mulher. Não somos só um recipiente,
precisamos nos perguntar se essa mulher quer ser mãe, se tem condições de ter
filhos. A culpa é sempre da mulher, mas ninguém lembra dos homens que
também apoiam isso, que somem da vida das meninas, que obrigam a fazer abortos.
Estamos debatendo a realidade concreta da vida das mulheres, que estão morrendo
por causa de abortos clandestinos."
Argumentos contrários a Legalização do Aborto:
Texto integralmente retirado
do Defesa pela Vida
http://www.defesadavida.com.br/posicaosobreaborto.htm
1. A questão do aborto não é, nem nunca foi questão religiosa,
senão na medida em que é questão humana e da natureza humana. Não é, pois,
necessário fazer apelo a princípios religiosos para repudiar vivamente tanto a
prática como a despenalização do aborto.
2. A legalização do aborto é também um dos mais graves atentados contra a mulher - quando pugna pelos seus direitos e é ludibriada a julgar que naqueles se contém o de abortar -, pois a torna um objeto da irresponsabilidade masculina e é impelida a ser autora do crime em que terá a menor culpa. Atribuir-lhe o direito de amputar o corpo é duplamente falso: ninguém deve-se considerar com direito a cortar um braço, e o seu filho não é o seu corpo mas um novo ser com direito à vida.
3. Todos os argumentos apresentados numa perspectiva humanitária e de bem social para admitir o aborto são meios de iludir gravemente a questão. Não são razões que podem justificar, como regra, a supressão, de natureza racista, que o nazismo usou para fundamentar o direito de matar velhos e doentes.
4. Não ignoramos nem queremos esconder os graves problemas sociais que estão na base do aborto clandestino. Para combatê-los, não é admissível mascará-los com o direito ao crime, em vez de ir às suas causas. Urge a continuação de tomada de medidas positivas de natureza humana, social e ética (planejamento familiar, apoio à mãe solteira, o desenvolvimento da instituição da adoção, o incremento de correta assistência social, atenção construtiva aos fatores de desagregação moral na família e na educação etc.).
5. Também é lamentável a confusão que se faz enumerando o aborto como um dos meios possíveis de limitação da natalidade. Não é. É, sim, um meio sofisticado de condenar à morte um ser inocente. Isso não quer dizer que não alertamos também para a necessidade de proibir o comércio de anti-conceptivos que são de natureza abortiva.
Agora mais informado,
a Xepa espera sua opinião. Legalizar ou não o Aborto?
Nenhum comentário:
Postar um comentário