segunda-feira, 26 de outubro de 2020

O uso da linguagem neutra

 


            A linguagem neutra foi criada para evitar o binarismo, e se tornar uma forma de inclusão para pessoas não-binárias (que não se identificam 100% com um dos gêneros binários, masculino e feminino), que não são incluídas com a flexão de gênero em palavras. Além da inclusão, o uso da linguagem neutra também ajuda a diminuir a taxa de suicídio de pessoas não-binárias, por se sentirem representadas, incluídas e com suas identidades respeitadas.

Nessa publicação, vamos apresentar as formas mais comuns de utilizar a linguagem neutra, mas caso deseje uma leitura mais aprofundada sobre o tema, recomendamos que acesse o "Guia para 'Linguagem Neutra' (PT-BR) de Ophelia Cassiano, e também o “O ‘x’ e o ‘@’ não são a solução: Sistema Elu | Linguagem Neutra em Género” de Pedro Valente.




Mas antes de falar sobre o uso da linguagem neutra, é importante ressaltar que nem todas as pessoas não-binarias necessariamente vão querer utilizar dessa linguagem. Quando se referir a uma pessoa, é fundamental que você pergunte de que forma ela prefere ser chamada, para não faltar com respeito ao se referir para a pessoa.

           Existe uma forma neutra de se usar termos que possuem flexão de gênero, que é o uso de “x” ou “@”, substituindo a vogal que denomina a flexão de gênero, como “todxs” ou “tod@s”. Mas essa forma é considerada falha, pois apesar de funcionar na forma escrita, não funciona na leitura e na forma oral, além de não funcionar com pessoas que possuem deficiência visual e utilizam aplicativos para leitura através do som, e dificulta a leitura para pessoas com dislexia.



              Formas de uso da linguagem neutra:

 

  •      Regra do “E”: para palavras que possuem flexão de gênero no final, com o uso de “-o” para indicar o gênero masculino e “-a” para o gênero feminino, é utilizada a substituição dessas vogais pelo “-e”, ou “-es”, caso esteja no plural.

Exemplos:   Aluna / Todos -> Alune/ Todes

  •     Caso uma palavra termine com “-co” para indicar o gênero masculino e “-ca” para indicar o gênero feminino, é utilizada a substituição dessas sílabas por “-que”, ou “-ques”, caso esteja no plural.

Exemplos: Transfóbica/ Médicos - > Transfóbique/ Médiques

  •    Caso uma palavra termine com “-go” para indicar o gênero masculino e “-ga” para indicar o gênero feminino, é utilizada a substituição dessas sílabas por “-gue”, ou “-gues”, caso esteja no plural.

Exemplos: Amiga / Psicólogos -> Amigue/ Psicólogues

  •    Caso uma palavra termine com “-r” para indicar o gênero masculino e “-ra” para indicar o gênero feminino, é utilizada a substituição dessas sílabas por “-rie”, ou “-ries”, caso esteja no plural.

Exemplos: Pintora/ Cantores -> Pintorie/ Cantories

  •    Caso uma palavra termine com “-ão” para indicar o gênero masculino e “-ã” para indicar o gênero feminino, é utilizada a substituição dessas sílabas por “-ãe”, ou “-ães”, caso esteja no plural.

Exemplos: Órfã/ Irmãos -> Órfãe/ Irmães

  •    Para substituir o uso dos artigos “o” para indiciar o gênero masculino e “a” para o gênero feminino, é utilizado o “ê” como artigo.

Exemplo: O(a) motorista -> Ê motorista

             


              Pronomes na linguagem neutra

 

  •    Para substituir o pronome pessoal “ele” para indicar gênero masculino e “ela” para gênero feminino, é utilizado o pronome “elu”, ou “elus”, caso esteja no plural.

Exemplo: Ela comeu muito. -> Elu comeu muito.

  •     Para substituir a contração “dele” para indicar gênero masculino e “dela” para gênero feminino, é utilizado o pronome “delu”, ou “delus”, caso esteja no plural.

Exemplo: A bolsa dele é azul -> A bolsa delu é azul.

  •    Para substituir a contração “nele” para indicar gênero masculino e “nela” para gênero feminino, é utilizado o pronome “nelu”, ou “nelus”, caso esteja no plural.

Exemplo: Dei um abraço nelas -> Dei um abraço nelus.

  •    Para substituir o pronome demonstrativo “aquele” para indicar gênero masculino e “aquela” para gênero feminino, é utilizado o pronome “aquelu”, ou “aquelus”, caso esteja no plural.

Exemplo: Aquela menina é inteligente -> Aquelu menine é inteligente.

 

              Além de todas essas formas de utilizar a linguagem neutra, também existe a possibilidade de substituir palavras que utilizam a flexão de gênero, por palavras que não a utilizam.

Exemplo: Alunos/Alunas devem fazer a prova até amanhã -> Estudantes devem fazer a prova até amanhã.

 Para concluir, recomendo que assista o vídeo de Rita Von Hunty, do canal Tempero Drag a respeito da linguagem neutra, e também que leia o artigo publicado por Margot-Ann Bachi dos Santos, uma mulher transgênero, a respeito de sua visão sobre o assunto.

VALENTE, Pedro. O “x” e o “@” não são a solução: Sistema Elu | Linguagem Neutra em Género. Medium, 3 abr. 2020. Disponível em: https://medium.com/@pedrosttv/sistema-elu-linguagem-neutra-em-g%C3%A9nero-pt-pt-9529ed3885cf. Acesso em: 19 out. 2020.

LINGUAGEM não-binária ou neutra. Wiki Identidades, 2015. Disponível em: https://identidades.wikia.org/pt-br/wiki/Linguagem_n%C3%A3o-bin%C3%A1ria_ou_neutra. Acesso em: 19 out. 2020.

RODRIGUES, Mari. Linguagem neutra e a chacota nossa de cada dia. Ecoa, 19 set. 2020. Disponível em: https://www.uol.com.br/ecoa/colunas/mari-rodrigues/2020/09/19/linguagem-neutra-e-a-chacota-nossa-de-cada-dia.htm. Acesso em: 19 out. 2020.

CASSIANO, Ophelia. Guia para "Linguagem Neutra" (PT-BR). Medium, 30 set. 2019. Disponível em: https://medium.com/guia-para-linguagem-neutra-pt-br/guia-para-linguagem-neutra-pt-br-f6d88311f92b. Acesso em: 19 out. 2020.

sábado, 17 de outubro de 2020

A importância dos manguezais brasileiros

 Manguezal, mangue ou mangal é uma zona úmida, definida como “ecossistema costeiro, de transição entre os ambientes terrestre e marinho. A fauna dos mangues é representada por peixes, moluscos (caramujos e ostras), crustáceos (camarões e caranguejos) e aves (urubus, gaivotas e garças). Além desses já citados, os manguezais também abrigam milhares de pequenos organismos, que se alimentam dos nutrientes presentes nesse bioma.



Garça-real


Os manguezais ocupam uma área de aproximadamente 10 mil quilômetros quadrados no Brasil, estendendo-se do Amapá a Santa Catarina. No entanto, a degradação desse bioma tem se intensificado, sobretudo em razão do desmatamento, poluição dos rios, lançamento de esgoto residencial e industrial, derramamento de petróleo e construção de residências em áreas de mangue.




Ele é de fundamental importância para o equilíbrio ambiental e para a manutenção da vida marinha, pois esse bioma abriga uma grande biodiversidade e consiste em um berçário natural para várias espécies marinhas, onde peixes, moluscos e crustáceos se reproduzem e se alimentam. Eles também são extremamente importantes para a diminuição dos gases do efeito estufa, a conservação de manguezais não apenas previne a perda de habitats, mas também ajuda a regular as emissões de carbono. 
Os manguezais também agem como protetores da linha da costa. Ficou provado, depois do tsunami que aconteceu na Indonésia em 2004, que as áreas onde havia mangues foram menos danificadas. Por quê? Porque os manguezais agem como uma barreira, diminuindo a força das águas que invadiram a parte continental. Mais um serviço prestado: a contenção da erosão natural que ocorre em regiões costeiras.






No fim de setembro, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) revogou, por articulação do governo de Jair Bolsonaro (sem partido), três resoluções sobre temas ambientais. Uma delas, a de nº 303, de 2002, tratava da proteção das áreas de mangues (além de restingas e dunas). No fim de setembro deste ano, o Conama revogou quatro resoluções que tratavam de diferentes áreas da política ambiental do país. Duas das resoluções eliminadas restringiam o desmatamento e a ocupação em áreas de restinga, manguezais e dunas. Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil são unânimes: o fim da resolução do Conama vai impactar as áreas de mangue. Mesmo que estas estejam formalmente protegidas pelo Código Florestal, os detalhes de como se dava esta proteção eram dados pela resolução.


POR QUE decisão de Ricardo Salles sobre manguezais representa 'volta no tempo' de quase 500 anos. BBC News Brasil, 8 out. 2020. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-54461270. Acesso em: 14 out. 2020.

A IMPORTÂNCIA do manguezal. Saiba mais sobre os mangues. Estadão, 1 maio 2017. Disponível em: https://marsemfim.com.br/a-importancia-do-manguezal/. Acesso em: 14 out. 2020.



















sábado, 10 de outubro de 2020

A arte do drag

 

            Drag queens, também chamadas de transformistas, são pessoas (em sua grande maioria homens cisgênero) que se vestem como mulheres para realizar performances artísticas, com o uso de perucas, roupas extravagantes e criativas e salto altos, para dançar, dublar e até mesmo cantar músicas em boates e shows.

              A arte do drag é uma forma de abraçar seu lado feminino e mostrar outras personalidades, é uma forma de se libertar e liberar seu lado mais excêntrico e diferente. Além das drag queens, também existem os drag kings, que se vestem como homens.



              Diferente do que algumas pessoas imaginam, o ato de se montar não tem relação com identidade de gênero nem orientação sexual. Identidade de gênero é como uma pessoa se identifica, seja como mulher, homem ou não-binária, enquanto a orientação sexual é sobre o gênero que a pessoa possui atração sexual, como heterossexuais, homossexuais, bissexuais, pansexuais e diversos outros.

               A arte drag se tornou cada vez mais conhecida graças ao reality show Rupaul’s Drag Race, apresentado por RuPaul Charles, uma das drag queens mais conhecidas do mundo, mas também apresentador, ator, produtor, modelo, cantor, compositor e autor. A partir do programa, RuPaul alavancou o sucesso da arte drag em geral, expandindo sua fama além dos Estados Unidos, e hoje tem um sucesso internacional, com um grande número de fãs e amantes dessa arte.



Rupaul Charles

              Rupaul’s Drag Race é uma competição onde drag queens disputam pelo grande prêmio final, em diversas provas, como confeccionar seus próprios looks a partir de materiais específicos, provas de atuação, de dança e dublagem (também conhecido com lipsync), provas de canto e de personificação de celebridades.  O reality show atualmente possui 12 temporadas, além de outras variações, como Canada’s Drag Race, Drag Race Thailand ou Drag Race UK.

              No Brasil, a arte drag atualmente possui grandes nomes, como Pabllo Vittar, a drag queen com mais seguidores no Instagram, e Glória Groove, cantora e rapper, com grandes sucessos na música, além de Lia Clark e Aretuza Lovi, duas drag queens influentes na música.



                            





           Aretuza Lovi, Gloria Groove, Lia Clark e Pabllo Vittar

              Apesar de haver drag queens renomadas, com grande sucesso, ainda existem empecilhos para as drag queens que desejam exercer o drag como forma de trabalho, desde o alto custo para se montar, com perucas, maquiagens, roupas e enchimentos, até o preconceito provindo das pessoas, principalmente por pessoas mais conservadoras.


AZEVEDO, Gloria; GONÇALVES, Jessica. Drag Queen: uma expressão artística. Entre Verbos, 25 fev. 2019. Disponível em: https://www.entreverbos.com.br/single-post/2018/05/08/Drag-Queen-A-express%C3%A3o-art%C3%ADstica#:~:text=Apesar%20de%20n%C3%A3o%20se%20chegar,ou%2C%20at%C3%A9%20mesmo%2C%20cantando. Acesso em: 3 out. 2020.

ARTE DRAG: COMO SE DEU O BOOM ATUAL DAS DRAG QUEENS?. Fala Universidades, 2 ago. 2019. Disponível em: https://falauniversidades.com.br/arte-drag-como-se-deu-o-boom-atual-das-drag-queens/. Acesso em: 3 out. 2020.

ADELINO, Saulo. RuPaul | Biografia. Entre Verbos, 17 nov. 2018. Disponível em: https://draglicious.com.br/2018/11/17/rupaul-biografia/. Acesso em: 3 out. 2020.