Porém, a música é especial, há algo único na maneira como se relaciona com quem a houve e com quem a cria.
Para começar, a música tem uma série de efeitos sobre nós, efeitos fisiológicos e emocionais. Com ela, invocam-se memórias nostálgicas esquecidas. Podemos experimentar arrepios pelo corpo, mudanças na frequência cardíaca e uma catarse sem igual.
É como se a música falasse conosco, e fala mesmo. Nosso cérebro processa a música de maneira muito única e complexa, é algo muito humano. Isso pode explicar vários desses efeitos.
Criar música, por outro lado, também é uma experiência única, envolvendo criatividade, percepção e coordenação de muitas áreas do cérebro. É como se, ao tocar ou compor, um idioma fosse reproduzido.
As palavras dessa língua são culturais, são emocionais e inexatas. Mas ainda são uma linguagem, uma com alta abertura para interpretação do ouvinte.
Sobretudo, é uma língua intensa. Uma das funções da música na nossa sociedade é justamente intensificar o que ocorre. Seja dar o tem alegre a uma festa, ou construir o impacto dramático de um clímax trágico.
Podemos ver isso facilmente no cinema. As trilhas dão aos personagens temas e, com esses temas, prevê, anuncia, reflete e intensifica o que acontece com os personagens.
O que seria um filme sem trilha? Mesmo quando o cinema era mudo, comumente havia músicos acompanhando, ao vivo, a obra.
O que seria da cena que inicia a épica batalha final de Vingadores: Ultimato se não fosse sua trilha. Nota-se como a música vai se energizando, progredindo até o já conhecido tema dos vingadores.
A música é uma catalisadora de sensações. Seu lugar na cultura, nas outras artes e no coração de cada um de nós vem daí.