sexta-feira, 24 de outubro de 2025

Subculturas no IFSP Salto (Parte 2)

Entrevistador: Você acha que a sua subcultura influencia outros estudantes ou a cultura da escola?

Naya Campos (3º ano Ensino Técnico Integrado ao Médio): Eu acho que o hip-hop está muito difundido já. Tipo assim, não do jeito que deveria estar, na minha opinião. Acho que poderia ser melhor. Ocupar mais espaço. Mas por causa da mídia, da Batalha dos Estudantes, da Batalha da Aldeia, e essas grandonas aí, a Batalha da Norte e tal, acho que o hip-hop já está alcançando mais público. E eu fico muito feliz em saber disso, sabe?

Mas eu tenho uma certa preocupação quanto à qualidade de como essa informação chega. Porque a gente está vindo numa leva que é muito grande, de pessoas que estão colando, que estão indo, mas estão indo pelo rolê, não pela luta, não pelo movimento, não pela arte, sabe? Não é uma parada de você ficar levantando bandeira social o tempo todo, ou tipo assim, “ah, é isso que eu faço”, e o hip-hop e negros, tá ligado? Não é bem isso. A parada é que as pessoas estão esquecendo que vem disso, sabe? Que vem do underground, que é uma cultura de periferia, é uma cultura marginal.

Agora, se eu acho que a minha subcultura influencia outros estudantes, eu acho que sim, mas não por mim, sabe? Eu acho que não é exatamente por mim. Assim, quando a gente fazia os slams, muita gente começou a rimar por causa disso, começou a fazer poesia por causa disso, então eu acho que sim, né? Mas eu não acho que seja exatamente pela minha estética individual, mas estou sempre colando essas coisas, tá ligado?

Entrevistador: Qual é a sua subcultura e como você começou a se interessar por ela?

Isís Duarte (1° ano Ensino Técnico Integrado ao Médio): Eu pertenço a subcultura gótica. Que é uma subcultura que se manifesta na arte, literatura, cinema e música, com temas sombrios e melancólicos, valorizando a individualidade e criticando o materialismo e o conformismo social. E eu comecei a me interessar por ela quando passei a entender melhor meus gostos musicais, minhas ideias e o que eu queria expressar. A partir disso, fui me aprofundando e descobrindo mais sobre.

“Goths Against ICE”: a estética sombria foi tomada como ato público de
 solidariedade, convertendo ritual visual em denúncia contra expulsões
 e violência institucional.

Entrevistador: Que aspectos da escola dificultam ou ajudam você a se expressar como é dentro da subcultura?

Isís Duarte (1° ano Ensino Técnico Integrado ao Médio): Hoje em dia, não sinto dificuldades na escola. As escolas atuais são mais abrangentes. No IFSP, especificamente, o ambiente é muito mais positivo, tem liberdade de expressão, inclusão, todos são acolhidos sem exceção. Isso ajuda bastante e torna a experiência boa.

Conclusão: vozes marginais, territórios tomados

A escola também é palco de resistência, pois cada subcultura, seja punk, hip-hop, gótica ou qualquer outra, mostra que existir diferente é um ato político. 

"Na minha mente a luz tá acesa e eles tão tipo numa sala escura, sempre batendo em quem tá com o verdinho na mão... mas o engraçado é que a coca pode no canhão da viatura. Então prepara, que eu tô pronta pra atirar, e não só eu: vários poetas, com a boca, vão disparar; vamos ser linha de frente e mostrar a situação da favela." — Malu Criar

São vozes que transformam o cotidiano em protesto, para que o movimento seja um líquido difundido que amarga a boca, mas enobrece o coração.

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