Nos últimos tempos nosso
facebook, twitter e outras redes sociais tem sido bombardeadas com frases que
começam com “caiu na net”. Essa é a expressão mais utilizada quando fotos ou
vídeos íntimos de famosos ou anônimos se tornam públicos.
Tem se tornado extremamente
frequente o número de pessoas que divulgam momentos íntimos de mulheres, sejam
eles hackers ou ainda ex-namorados, e é sobre este último que iremos falar.
O "porn revenge" é
protagonizado por homens e acontece quando um casal registra momentos íntimos e
depois do término do relacionamento eles se vingam da parceira, visto que se enxergam no poder da situação,
pois acreditam que se detém da imagem da parceira, tem a posse da
mesma.Utilizando de violência virtual, a maioria
deles se sentem no direito de apresentar um momento pessoal, de exterminar a
privacidade da mulher em questão e, além disso, culpam a vítima. Depois de
expostas e julgadas pela sociedade patriarcal como culpadas, essas mulheres tem
seus corpos comparados a objetos, sofrem com comentários pejorativos, ameaças,
falta de apoio da família e amigos, deste modo, sentem-se ridicularizadas,
encurraladas nessa situação degradante e muitas vezes tomam decisões radicais,
mudam de cidade, abandonam o emprego ou se suicidam.
Vejo como agressor aquele
que expõe a vida íntima da vítima, que a exibe ao público, e a vítima é quem
confiou no parceiro e registrou um momento pessoal com ele.
Compartilho da mesma visão
que Thaís, que postou o seguinte no blog Ativismo de sofá:
“Vazar fotos íntimas de pessoas sem a autorização
delas é um crime que atinge principalmente mulheres por causa do machismo e da
misoginia. A constante objetificação dos corpos designados como femininos, a
visão de que eles são públicos e a condenação da sexualidade feminina são os
porquês dessas imagens causarem tanto furor, julgamento e culpabilização.
Anônimas, ao terem sua intimidade exposta, são atacadas de xingamentos
carregados de misoginia, como "vadia" e tem seus corpos avaliados de
forma cruel. Muitas vezes perdem seus empregos, o apoio da família e dos
amigos e algumas até suicidam, após tamanha perseguição e por causa das
consequências da exposição em suas vidas.”
A exemplo disso temos G. L.,
de 16 anos e J.R., de 17 anos, pessoas comuns que tiveram suas vidas invadidas
e um final trágico. No mês de novembro de 2013, no período de duas semanas
essas duas adolescentes se suicidaram após terem suas intimidades reveladas.
Antes de cometer suicídio J. R. deixou mensagens no twitter anunciando o
acontecimento.
Outro caso de vazamento de
fotos íntimas ocorreu ainda em 2013, porém felizmente sem final trágico.
Thamiris Sato de 21 anos, teve sua intimidade exposta por seu namorado, a
humilhação se tornou imensa e ela pensou em mudar de cidade e até em cometer
suicídio, porém com o apoio de conhecidos e desconhecidos teve forças para
lutar contra esta violência.
Para demonstrar que o
problema não é só nacional, retiramos da publicação do site Época, com o título
"Sexo, chantagem e internet " casos em outros lugares.
Apesar de
alarmante, este tema é uma história velha com novos recursos. Digo isso, pois o
fundamento principal destes casos é a objetificação do
corpo feminino, que vem desde os tempos das cavernas em que o homem carregava a
mulher pelos cabelos para usufruir de seu corpo.
Essa objetificação é passada
de geração para
geração e atualmente também é incentivada pela mídia, como por exemplo, em propagandas de cerveja, desodorantes e
perfumes masculinos, em que as mulheres são retratadas como o combo do objeto, a linha de pensamento é: se você tiver um bom perfume, tomar a cerveja mais gostosa e
estupidamente gelada e dirigir o carro do ano com certeza terá uma mulher, não é lógico? Não, não é. Mas a imagem sexista nos cega, cada dia mais.
A violência
contra a população
feminina é
crescente, justamente por acharem que é um objeto, assim sendo pensam que tem sua posse.
Não podemos aceitar isso, nem homens, nem mulheres. E se você, ainda acredita não ter nada com isso, preste atenção, pois alimentar essa visão sexista faz com que sua mãe, irmã ou filha
estejam mais propensas a serem aliciadas, maltratadas ou até violentadas, porque " a culpa é delas", "elas tem que se dar ao
respeito", " se tá se
vestindo assim é porque
quer alguma coisa, depois não pode
reclamar"
É necessário
acabar com esse paradigma antes que acabem com as mulheres.
Carta capital, Pragmatismo Político, blog ativismo de
sofá, Época.
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