quinta-feira, 30 de junho de 2022

Fernando Pessoa(s)

 


Um dos mais inusitados e importantes poetas modernistas é o português Fernando António Nogueira Pessoa, ou simplesmente Fernando Pessoa, que além de escritor, também exercia outras profissões como filósofo, empresário, crítico literário e comentarista político. Seu destaque e relevância na arte moderna se tem por sua imensa genialidade que foi transcrita em meio a poesias, e especialmente por seu talento em criar heterônimos.

Diferentemente de pseudônimo que é quando utiliza-se outro nome para assinar sua obra, heterônimo é uma nova pessoa que é criada, isto é, Fernando inventava uma história, personalidade, características e maneiras de escrever para cada autor. A justificativa para isto era de que sua histeria manifestada em aspectos mentais vinha de sua disposição para se despersonalizar e simular.

Entre os três principais poetas criados, estavam Alberto Caeiro, um poeta nascido em 1889 na cidade de Lisboa, órfão de pai e mãe que cresceu no campo com sua tia avó, e morreu em 1915 de tuberculose. Ele era o mestre de Pessoa e acreditava que a sabedoria consistia em ver o mundo de forma simples, tratava em seus poemas a respeito da simplicidade da vida e o contato essencial que a pessoa devia ter com a natureza. Seus poemas faziam referências a pastores, ovelhas e outros elementos referentes à vida no campo. Sua escrita era caracterizada como sensacionista - que é a valorização das sensações -, com versos livres, sem rimas e com linguagem simples.

Outro poeta criado por Pessoa era Álvaro de Campos, um engenheiro formado na Escócia que não exerceu sua profissão, ele nasceu em 1890 e seu falecimento não é conhecido. Álvaro era um poeta cubista e futurista, que com linguagem coloquial oscilava entre versos eufóricos e depressivos, tornando-o assim um pessimista.

E o terceiro, nascido no Porto em 1887, era o médico Ricardo Reis, que em 1919 veio para o Brasil por ser monarquista e ter havido a instauração da república em Portugal. Temas recorrentes em seus poemas eram relacionados à mitologia, passagem do tempo e predestinação - a irreversibilidade do destino. Sua data de falecimento também é desconhecida.

A revelação desses heterônimos se deu pela popularidade das obras que estavam sendo publicadas, todos se perguntavam quem eram aqueles escritores, até que Fernando admitiu ser todos eles. O próprio Fernando Pessoa tem apenas 4 livros, sendo o mais famoso “Mensagem”, com quarenta e quatro poemas. Ele morreu em 30 de novembro de 1935 por abuso de substâncias alcoólicas, porém suas obras mantêm seu legado vivo até hoje. 

Entre tantos versos marcantes, o que mais gosto é o citado em “Da Minha Aldeia”, de Alberto Caeiro, alguns versos dele dizem:

Da minha aldeia vejo quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

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