sexta-feira, 24 de dezembro de 2021

A culpa talvez seja das estrelas: Natal em 25 de dezembro

As estrelas, o Sol, a Lua, as estações do ano. Imagine um ser racional que está tentando entender o mundo ao seu redor. Quando este ser vê tais eventos, fenômenos e aparições tão magnificamente fora de seu controle, como não os entenderia como divinos?

Por muito tempo, fenômenos astronômicos eram uma das maiores inspirações para o entendimento do mundo. 

Era muito natural que usássemos nossa capacidade de reconhecer padrões para formar pontos entre estrelas, criando personagens e mitos astrais. 

Ora, a posição dessas constelações ou dos astros coincidiam com a mudança das estações, com a altura da maré. Estava claro que o celeste era o livro dos deuses e da natureza.

Assim, entende-se a possível base astrológica/astronômica comum das religiões antigas e atuais.

A data escolhida para se comemorar o nascimento de Jesus Cristo pode fazer parte dessa tradição de observação do céu e seus astros. Adotando os costumes de diversas culturas em se celebrar a vitória do sol, a luz e o verão, sobre as trevas, o frio e o inverno, antigos cristãos começaram a celebrar nessa mesma data o nascimento de Jesus Cristo, como aponta o controvertido filme Zeitgeist.

O solstício de inverno no hemisfério norte é quase sempre no dia 21 ou 22 de dezembro, é quando o Sol aparenta estar "morrendo", por causa dos dias cada vez mais curtos e temperaturas mais baixas. Depois de três dias do solstício, o Sol começa a renascer e retomar seu poder: lentamente as noites vão encurtando e os dias vão alongando. A páscoa está relacionada com o equinócio de primavera, marcando a vitória da luz sobre as trevas, pois a partir daí, os dias são mais longos que as noites.

Para nós, no hemisfério sul, assim como as estações do ano, os solstícios e equinócios são invertidos, portanto, em dezembro, passamos pelo solstício de verão e muitos observam que, do ponto de vista astronômico, deveríamos comemorar o Natal em...junho!

No final, é possível entendermos como a posição aparente e o relacionamento arbitrário entre objetos a distâncias quase infinitas podem determinar a cultura, a história e as crenças de nós aqui no pálido ponto azul. Talvez, nesse sentido, exista, sim, um mecanismo pelo qual aconteça alguma influência dos astros sobre nossas vidas.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Minissérie: A língua inglesa na fala jovem brasileira II - Entrevista

   

Voltando ao tema do uso do inglês na linguagem informal e tecnológica, fizemos uma entrevista com Luiz Felipe Cabral de Souza, estudante do IFSP Salto.

- Você diria que, no seu cotidiano, usa uma linguagem mais formal ou informal?

“Depende do local e das pessoas. Se estou com meus amigos, minha linguagem tem formalidade zero. Mas quando a situação é mais formal, estou falando com alguém mais velho ou uma autoridade, costumo aumentar o nível do meu português, ‘upgradá-lo’.”

- Usar uma linguagem informal ajuda na fluidez da conversa com seus amigos?

“Se o meu amigo já está acostumado com a minha linguagem, ajuda muito, as minhas gírias com certeza são algo benéfico. Isso até muda a aura da conversa, vira outro ‘hype’, até deixa mais interessante e descontraído.”

- Você usou várias palavras do inglês agora comigo. Eu também com certeza uso, principalmente no contexto informal. Você também costuma usar palavras do inglês na sua linguagem informal? Se sim, de onde acha que vem essa influência?

“Sim, eu uso bastante. Isso vem muito dos jogos, da mídia que eu consumo. Querendo ou não, o inglês é a língua principal do mundo, a gente acaba absorvendo essa influência. O brasileiro é muito bom em adaptar as coisas, e a gente adapta esse vocabulário também.”

- Esse ponto é interessante, você acha que a gente muda as palavras que vem da gringa? Mudamos o som, o formato, etc?

“Com certeza. A gente pega essas palavras do inglês e aproxima elas, pra ficar mais fácil de falar e também pra dar outro sentido, deixando aquilo mais fácil de entender.”

- Pode dar um exemplo de alguma palavra do inglês que você usa bastante?

“Sim, um bom exemplo é ‘spoiler’. A gente usa muito no sentido original de entregar os acontecimentos de um filme, só que em alguns contextos a gente muda muito essa palavra. Por exemplo, quando alguém te dá um 'spoiler', você fala ‘não, para de me spoilar’. “

- Ao usar essas palavras, você observa uma mudança ou ampliação do significado?

“Se a gente pega a palavra, a gente quer usar o significado. Pode haver mudança no significado sim, mas normalmente ainda tem alguma relação. Em jogos, quando você fica muito tempo jogando e coletando recursos, você fala que tá ‘gridando’’. Mas fora dos jogos, eu posso falar vou 'grindar' aquela série. Mesmo que mudou a situação, de alguma forma ainda tem uma semelhança no significado.“

- Mas talvez vá para além da fala informal, você é da área de informática. Você acha que também há essa influência em contextos técnicos na área da tecnologia?

“Sim. Às vezes até tem algum termo mais correto, mas o termo em inglês é mais usado. Na programação a gente fala, para mostrar algo numa tela, ‘printar’, ‘printei isso ou aquilo’.”

- E por que o inglês tem tanta influência na tecnologia?

“Porque muita coisa da área vem dos EUA ou de outros países que usam o inglês como padrão por causa da influência americana”.

Percebemos como, de fato, o inglês é influente no contexto informal e também no técnico. Realmente, esse impacto linguístico tem muito haver com o poder dos países anglófonos como a Inglaterra e os EUA no cenário geopolítico mundial. É interessante também como nós adaptamos a palavra por completo, alterando aspectos como: pronúncia, morfologia e até a classe da palavra.

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

Meu querido urso amigo


Com certeza, todos já tiveram — ou ainda têm — aquela pelúcia ou brinquedo favorito que nos defendia dos monstros escondidos debaixo da cama. Aqueles que nos traziam conforto e nos ajudavam em momentos de euforia ou tristeza.


Esses objetos inanimados, chamados “objetos transicionais”, têm uma função muito importante no nosso desenvolvimento afetivo e nos ajudam a assimilar o desenvolvimento humano, a desenvolver e preservar as relações conforme amadurecemos.


Quem prestou atenção na função desses “objetos especiais” foi o pediatra e psicanalista inglês Winnicott, ele elaborou uma teoria em que estas transformações, além da escolha específica do objeto, indicavam a capacidade de criação da criança, elegendo, inventando e trabalhando sua imaginação, assim, iniciando um apego em relação ao objeto. Ele incorporou na Psicanálise o termo “transicional” para designar uma área intermediária da experiência, um espaço onde as realidades interna e externa do bebê se tocam e separam o interior do exterior. O objeto transicional seria, assim, uma espécie de mediador entre mãe e filho, entre mundo interno e mundo externo ou, em outros termos, a área de encontro entre o “eu” e o “não-eu”.


Com relação à vida adulta, o psicólogo Robert Ryan, afirma que o fato de adultos ainda dormirem com pelúcias pode ajudar a lidarem com medos existenciais, ou até mesmo pode ser um sinal de solidão. 


Dormir com nossos queridinhos, não é necessariamente um sinal ruim, desde que isso não interfira negativamente na sua vida pessoal, como por exemplo, dificultando seus relacionamentos com pessoas humanas.


Afinal, como “objetos transicionais”, os bichinhos podem nos preparar para relacionamentos com gente como a gente.


Para saber mais:

Donald Winnicot:

Winnicot, D. A criança e o seu mundo. Rio de Janeiro, LTC, 2021.

Entrevista com Robert Ryan:

https://www.vice.com/en/article/evgkqw/how-old-is-too-old-to-sleep-with-a-stuffed-animal



 

sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

Minissérie: A música é uma linguagem II - trilha sonora

 

No último episódio da minissérie, expliquei porque considero a música uma linguagem.

Desta vez, vamos entender um pouco melhor como a música funciona como pedra fundamental de expressão na forma de trilhas sonoras.

Especificamente, vamos entender um pouco sobre como funcionam os temas musicais empregados em filmes e séries.

Quando ouvimos um tema, ou seja, uma música ou ideia musical, que se repete em uma trilha sonora, há uma grande chance dele ser um leitmotiv

Um leitmotiv é um tema que representa um personagem, lugar na história, objeto ou qualquer outro ente relevante na narrativa.

Existem várias características importantes comumente presentes nos leitmotivs. A primeira é que eles se repetem durante a trilha, aparecem várias vezes. 

Outra é que eles são associados a um elemento específico, não mudam a coisa que estão representando ao decorrer da trilha.

Por último, eles se transformam de acordo com o que representam se transforma. Isso é importante pois é um desdobramento da essência de um leitmotiv e da trilha sonora de uma obra.

O intuito da trilha e de seus temas é refletir a história, contar, ou complementar, intensificar, o que a obra conta. 

Um adorável exemplo da aplicação dessa técnica temática é o que acontece com o tema do fofíssimo dragão Banguela de Como Treinar o Seu Dragão. 

Quando o personagem aparece de perto pela primeira vez, ele faz parte do desconhecido na visão do protagonista Soluço, é o que ao garoto causa medo, o que deve ser combatido ou evitado. Assim, o tema do dragão é apresentado de forma que nos passa uma tensão muito maior (ouça aqui, note a melodia em gaitas de foles a partir que começa aos 2 min 30 s). 

Agora, quando a história progride e Banguela vai se tornando o melhor amigo do protagonista, o tema reflete essa transformação e, progressivamente, evolui para a sua versão mais intensa, totalmente desenvolvida (ouça aqui, note o que eu acredito ser uma celesta ou um glockenspiel aos 3 min 4 s e ouça aqui a versão mais desenvolvida e dramática do tema no segundos iniciais).

Esse é apenas um de incontáveis exemplos. Talvez seja um exercício interessante que prestemos mais atenção a essas nuances dos temas dos filmes e seriados que amamos tanto. Às vezes, uma simples melodia vale mais do que mil palavras.

terça-feira, 30 de novembro de 2021

Minissérie: A música é uma linguagem

A música é uma linguagem, assim como toda arte.

Porém, a música é especial, há algo único na maneira como se relaciona com quem a houve e com quem a cria.

Para começar, a música tem uma série de efeitos sobre nós, efeitos fisiológicos e emocionais. Com ela, invocam-se memórias nostálgicas esquecidas. Podemos experimentar arrepios pelo corpo, mudanças na frequência cardíaca e uma catarse sem igual.

É como se a música falasse conosco, e fala mesmo. Nosso cérebro processa a música de maneira muito única e complexa, é algo muito humano. Isso pode explicar vários desses efeitos.

Criar música, por outro lado, também é uma experiência única, envolvendo criatividade, percepção e coordenação de muitas áreas do cérebro. É como se, ao tocar ou compor, um idioma fosse reproduzido.

As palavras dessa língua são culturais, são emocionais e inexatas. Mas ainda são uma linguagem, uma com alta abertura para interpretação do ouvinte.

Sobretudo, é uma língua intensa. Uma das funções da música na nossa sociedade é justamente intensificar o que ocorre. Seja dar o tem alegre a uma festa, ou construir o impacto dramático de um clímax trágico.

Podemos ver isso facilmente no cinema. As trilhas dão aos personagens temas e, com esses temas, prevê, anuncia, reflete e intensifica o que acontece com os personagens.

O que seria um filme sem trilha? Mesmo quando o cinema era mudo, comumente havia músicos acompanhando, ao vivo, a obra.

O que seria da cena que inicia a épica batalha final de Vingadores: Ultimato se não fosse sua trilha. Nota-se como a música vai se energizando, progredindo até o já conhecido tema dos vingadores.

A música é uma catalisadora de sensações. Seu lugar na cultura, nas outras artes e no coração de cada um de nós vem daí.

terça-feira, 23 de novembro de 2021

Psicologia e Mito


Os mitos começam na antiguidade como narrativas da relação da pessoa humana com o mundo externo. Eles provêm do inconsciente, restauram nossa conexão com o mundo antigo e devem ser interpretados simbolicamente.

Para Carl Gustav Jung, fundador da psicologia analítica e discípulo de Freud, o mito possui vários propósitos, nem todos psicológicos, mas sua principal função seria de revelar o inconsciente.

Diferentemente de Freud, Jung afirma a existência do inconsciente pessoal e também do inconsciente coletivo. A existência do inconsciente coletivo permite compreender a universalidade dos símbolos e dos mitos, pois que estes se evidenciam em todas as culturas e em diferentes épocas de modo semelhante. 

Neste caso, os mitos seriam uma das manifestações dos arquétipos ou modelos que surgem do inconsciente coletivo da humanidade e que constituem a base da psique¹ humana. Os arquétipos são conjuntos de “imagens primordiais” originadas de uma repetição progressiva de uma mesma experiência durante muitas gerações armazenadas no inconsciente coletivo.

Assim, na busca de sentido dos arquétipos, podemos lembrar que eles surgem em narrativas míticas e culturais, originadas em épocas muito anteriores à nossa, mas que continuam a ecoar em nosso inconsciente, influindo continuamente em nossa forma de viver e também nas diversas áreas do saber.

 

¹ A psique carrega todos os pensamentos, sentimentos e comportamentos que podem ser conscientes e inconscientes. A psique pode ser um guia regulador da humanidade, com a função de adaptar o indivíduo à sociedade.


terça-feira, 16 de novembro de 2021

A programação é uma habilidade cada vez mais importante

Crédito da imagem

Todo computador funciona seguindo instruções, essas instruções são um código que representa uma série de ordens que possuem um fluxo e uma finalidade, isso é um programa.

Ou seja, o computador lê o código dado e interpreta-o, fazendo o que é pedido. Claro que este código não é uma língua como a nossa. É, na verdade, uma linguagem lógica, onde os substantivos são valores e blocos de memória e toda frase é imperativa.

É cotidiana a presença do computador, até mesmo em dispositivos móveis como os smartfones. Assim, é cada vez mais interessante que seja democrático e simples o conhecimento acerca da Informática. 

Hoje em dia, há linguagens de programação e ambientes que foram feitos exatamente para ser didáticos, para ajudar alguém a começar. É o caso do App Inventor do MIT, por exemplo.

Por outro lado, é um mundo muito extenso, onde há milhares de formas de programar, de linguagens e aplicações. Isto, porém, significa também uma liberdade para fazer o que quiser, desde um site na web até um sistema de estoque.

A programação é uma forma irrestrita de expressão, você usa a criatividade e seu conhecimento para criar o que quiser. É uma ferramenta poderosa e emancipadora.

quarta-feira, 10 de novembro de 2021

A arte Neandertal


Cercados de mistérios sobre suas origens, os Neandertais, espécie de hominídeos que é anterior, mas que também conviveu com os Homo sapiens há milhares de anos, são, na verdade, mais hábeis do que muitos pensam.

Por muitos anos os cientistas e historiadores nos deram uma perspectiva de que a espécie Homo sapiens era totalmente superior aos Neandertais, pois os feitos desses seres ainda eram desconhecidos. Contudo, recentemente esse estereótipo foi quebrado por um conjunto de achados encontrados na Europa.

No ano de 2019, foi encontrado na Caverna do Unicórnio, em Frankfurt, na Alemanha, um osso do tamanho de uma peça de xadrez entalhado com linhas na diagonal. Muitos contestaram a possibilidade do pequeno entalhe estar relacionado aos Neandertais, mas feito o teste de radiocarbono*, ficou provado que o adereço pertencia realmente a um Neandertal.



Além disso, na Espanha, mais especificamente da região de Málaga, foram encontradas pinturas em cavernas datadas de mais de 65 mil anos, provando a afeição dos Neandertais pela arte. As artes presentes na caverna foram elaboradas em diferentes períodos, afastando a hipótese de que surgiram de processos naturais. Os hominídeos mostram certa organização na hora de realizar as pinturas, já que havia diferença de textura e composição entre os resquícios avermelhados no interior da caverna.



Estamos em constante evolução sobre o conhecimento de nossas origens. A cada dia que passa descobrimos coisas novas sobre nossos antepassados, saber disso, nos dá, uma sensação de conforto e ficamos eufóricos com as descobertas. Que possamos descobrir mais sobre esses seres e fiquemos sempre ligados a nossas origens, pois isso é motivo de alegria e satisfação de saber mais e mais.


*Curiosidades:
  • O teste de radiocarbono é um método de datação radiométrica que usa o radioisótopo de ocorrência natural carbono-14 (14C) para determinar a idade de materiais carbonáceos até cerca de 60 000 anos.
  • Os Homo sapiens só surgiram há cerca de 40 mil anos.

segunda-feira, 8 de novembro de 2021

Testes de personalidade

 

Colocar padrões nas coisas é um hábito que todos temos. Gostamos de entender o mundo, encaixar pedaços da realidade em caixas controláveis. Ora, se buscamos controlar desta forma tudo que é exteriorde compostos químicos a linguagemcomo poderíamos não voltar esta ansiedade analítica para nós mesmos?

Pois é isto que fazemos. Criamos formas de classificar as personalidades humanas, explicar os comportamentos e maneiras com que interagimos com o mundo.

Desde muito tempo atrás, sociedades olharam para o céu e, à medida em que se conhecia mais sobre os astros, fazia-se com que as estrelas refletissem nós mesmos. A astrologia é uma prática comum e historicamente importante para muitos povos.

Atualmente, vemos esta categorização tornando-se cada vez mais popular. Testes famosos de personalidade, ao lado de formas mais tradicionais como a astrologia, ganham espaço nas redes sociais.

É possível ter a si mesmo encaixado em um de várias classes de características que pretendem-se como limpas e claras. Contudo, muitos criticam estas ferramentas, alegando que possuem uma ambiguidade que facilita a identificação.

Entre os testes e modelos de personalidade emergentes, temos o eneagrama e o MBTI - Myers-Briggs Type Indicator.

O eneagrama é um modelo de nove arquétipos no qual cada pessoa possui um principal e outro complementar. Já o MBTI trata-se de um modelo de dezesseis arquétipos, cada um com dois subtipos.

Muitas pessoas e mesmo culturas inteiras dão muita importância a esses modelos de personalidade, às vezes com exagero. Na esquete do canal Porta dos Fundos intitulada Mapa Astral, vê-se a sátira com os signos do zodíaco, mostrando que é um tema relevante para a nossa sociedade:

Falando de música, temos as nove faixas do álbum Atlas: Enneagram, por Sleeping at Last, que descrevem, cada uma, um dos nove arquétipos do eneagrama.

A nossa vontade de nos colocarmos nestas caixas talvez esteja relacionada a nossa vontade de encontrarmos um lugar na sociedade. Na trilogia Divergente, por Veronica Roth, os jovens de uma sociedade pós apocalíptica devem se encaixar, com base em suas personalidades, em uma de seis facções para tornarem-se adultos. 

Muitos criticam estas ferramentas de teste e agrupamento por serem pseudocientíficos, outros encontram neles significado. A psicologia, por outro lado, fornece um caminho mais racional para esse entendimento. 

No final, os testes parecem preencher nossa necessidade de nos entendermos e sentirmos que pertencemos a pelo menos um grupo de pessoas semelhantes.

sábado, 23 de outubro de 2021

Dinos - Um tema apaixonante

 


Além de serem os temidos pré-históricos que desapareceram a milhões de anos, os dinossauros podem ser um tema que cativa muitas crianças e adultos, tendo em vista uma relação mais profunda.

Acredito que essa relação é a gratidão e a admiração, pois muitas pessoas encontram conforto nos dinossauros. Pode até parecer estranho já que estamos falando de animais extintos, mas é a mais pura verdade, falo isso com convicção, pois sou uma dessas pessoas. 

Esse interesse intenso é muita das vezes importantíssimo para a formação de uma pessoa, esse amor facilita a aprendizagem, por exemplo, a leitura, uma criança ou até mesmo um adulto aprende a ler com mais facilidade quando está lendo algo de seu interesse. Eu, por exemplo, aprendi a ler aos cinco anos, pois tinha um livro de dinossauros e aquilo era muito mágico e acabei “mergulhando de cabeça”.

Para mim os dinossauros foram muito importantes, com eles meu repertório se tornou amplo e minha criatividade se aflorou muito. Pensar neles me da sensação de nostalgia e amor, me faz lembrar do quando eu me divertia quando era uma criança com coisas simples e de como evolui por me interessar pelo assunto. Não penso neles como seres terríveis como muitos pensam, penso como seres que me acompanharam na infância.

Os dinossauros são um tema apaixonante que nos incentiva a pesquisar, estudar e soltar a criatividade. Começar a estudar ou  fazer qualquer outra coisa por um tema importante para você pode dar um “empurrão” naquilo que procura.


sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Minissérie: A língua inglesa na fala jovem brasileira

    


  

Parte da nossa língua cotidiana é formada por palavras que não são exatamente portuguesas, ou seja, não surgiram "naturalmente" no idioma nem vieram diretamente do latim. Todas as línguas mudam e se influenciam, não é coisa só nossa. 

Atualmente, porém, vemos, na fala informal brasileira, especialmente a das novas gerações, uma alta taxa de vocabulário vindo do inglês. Eu afirmo isso como uma pessoa jovem que utiliza, ao falar a minha língua, palavras da outra.

O inglês também tem a sua cota de empréstimos. Apesar de ser uma língua germânica, boa parte de seu vocabulário é de origem latina. Em 1066, os normandos, povo da França, invadem a Inglaterra, influenciando a língua e trazendo esse vocabulário. Neste caso, foi mais uma imposição do que um empréstimo.

As influências de uma língua sobre outra distinta podem estar ligadas a acontecimentos culturais, históricos e tecnológicos. 

Temos muito vocabulário árabe, por exemplo, por conta da presença histórica dessa etnia em Portugal e Espanha.

Falando em tecnologia, temos muitas palavras inglesas relacionadas à informática. Há palavras como clique, já absorvida formalmente à língua, e outras, como switch, ainda não formalizadas. Ambas, click e switch, sofreram adaptações.

No inglês, muitas palavras terminam em consoantes — som de “k” /k/ em click e “tch” /ʧ/ em switch, por exemplo. Na nossa língua, contudo, existe um problema: a maioria das palavras termina em vogal e isso pode ser uma grande dificuldade para nós ao pronunciarmos palavras inglesas. Percebe-se que, por conta disso, adaptamos a pronúncia, colocando uma vogal e, assim, adicionando uma sílaba a mais. Note, neste vídeo comparativo do canal Chris Gringo, nomes como Outback e McDonald's e a adição de "i":

A presença do inglês se faz presente nos artefatos culturais que perpassam áreas da tecnologia. É o caso da música Meu Colorista da banda Supercombo. Nela, são utilizados termos relacionados à edição de filmes como storyboard e frame com a mesma adaptação nos sons ao fim das palavras: 

Na canção, também há o termo “dropar”. Neste caso, temos não só adaptações na pronúncia mas também na morfologia da palavra, na qual é adicionada, à raiz do inglês drop, a terminação “ar”, marcando o termo como verbo para nós brasileiros.

Esta influência é ainda mais forte na população jovem, que está ligada ao processo de utilização de novas palavras e renovação da língua. Assim, a fala jovem é uma das que mais utiliza palavras do inglês cotidianamente, ainda mais considerando a inserção em ambientes de rede social e cultura globalizada.


sexta-feira, 16 de julho de 2021

Conflito de gerações


A ideia de geração pode ser entendida como dois conceitos distintos: Geração como grupo etário ou geração como grupo de pessoas nascidas num determinado ano ou período de tempo.

Geração também pode significar pessoas que sucederam os seus pais. Para alguns estudiosos da sociologia, geralmente as gerações mudam de 20 a 25 anos. Nos últimos anos, com avanço da tecnologia e novos estudos, estima-se que a duração de uma geração esteja reduzida para 10 anos.

Após uma postagem na rede social Twitter, tivemos um grande "conflito" entre as gerações Y (millennials) e Z (gen Z). A discussão durou alguns dias e foi muito comentada na mídia brasileira, aparecendo nas redes sociais, programas de televisão e em matérias de jornal.

Muitos hábitos da geração do milênio foram criticados, como o gosto por café, as calças skinny, a loucura por boletos e a paixão por Harry Potter e Friends. Os tweets sobre o tema foram para os trending topics, fizeram muitos memes do assunto.

Foi uma situação engraçada, muitos millennials se sentiram profundamente atacados com as "críticas" e serem considerados crienges pela geração Z. Cringe não tem uma tradução exata mas é algo associado a vergonha alheia.

O termo surgiu na internet em meados de 2020, embora seja algo voltado para o entretenimento, a palavra expõe o conflito geracional que existe na sociedade, desafio presente também com as gerações mais velhas. 

Com essa grande diferença comportamental, de hábitos e valores os problemas como os de relacionamento e de conflitos de comunicação acabam surgindo.

Como a sociedade precisa de uma boa relação com os cidadãos de todas as idades, segue uma reflexão: Até onde é positivo essa diminuição de tempo entre uma geração e outra? 

Também podemos nos questionar até onde o avanço da tecnologia realmente aproxima as pessoas? Ao invés da internet trazer mais contato e fazer as pessoas valorizarem a experiência dos mais velhos, ela pode trazer constrangimento e deboche de práticas que foram sim muito importantes para gerações passadas.



quinta-feira, 24 de junho de 2021

Crianças e as telas




A nova geração tem um contato muito grande com os aparelhos eletrônicos. Muitos pais usam as telas como objeto de barganha ou recompensa para os pequenos, incentivando ainda mais o contato de crianças menores de seis anos com celulares, tablets, tv's, etc.

Existe um limite muito rígido sobre o tempo em tela para especialistas da Academia Americana de Pediatria. Para eles, até os seis anos, os pequenos só podem ter um tempo de até uma hora em frente às telas. Quando o tempo é maior que este, começa a ser prejudicial para o desenvolvimento das crianças.

O uso excessivo do celular pode causar muitos malefícios no crescimento dos pequenos como problemas de visão e audição, falta de sono, dificuldade para concentração, enfraquecimento da memória, alterações de humor e problemas cognitivos.

Também podemos adicionar à nossa lista, a obesidade infantil. Mundialmente, cerca de 40 milhões de crianças com menos de 5 anos estão com obesidade ou sobrepeso, segundo a OMS, em 2020.

Quando as crianças ficam muito tempo em contato com as cores brilhantes e os barulhos das telas, costumam achar o mundo real tedioso, entrando num limbo de entretenimento e tédio muito rápidos. Desta forma devemos sempre buscar maneiras diferentes de entreter os pequenos, invente brincadeiras e peça paciência ao seu filho, ele precisa entender que existem momentos em que ele deve se comportar.

Os pais também devem ter um controle sobre os pequenos. Muitas vezes parece mais fácil simplesmente utilizar o celular ou o tablet como babá, porém, uma alternativa diferente poderia ser encaixada nessa situação. Entregar um brinquedo ou giz de cera, incentiva a criança a brincar e estimular a criatividade.

Crianças precisam ser crianças mesmo na era digital, as brincadeiras e a imaginação precisam ser estimuladas pois fazem parte da melhor época da vida.

quarta-feira, 2 de junho de 2021

A importância da literatura para os jovens


Os jovens brasileiros não têm o hábito da leitura. Ler chega a ser uma atividade maçante e sem retorno imediato, porém pensar assim é um erro gravíssimo.

A literatura tem uma grande importância para o desenvolvimento dos jovens. Ela expande nosso vocabulário, possibilita o desenvolvimento do pensamento crítico, estimula a criatividade e a imaginação, reduz o estresse, amplia o conhecimento cultural e social, além de ser extremamente prazerosa.

Quando os mais jovens são estimulados a todo momento por telas, redes sociais, games, chats, eles perdem o interesse em tudo que não os prende da mesma maneira. Ainda mais quando eles não são estimulados a ler, a aproximação com o mundo das palavras torna-se cada vez mais distante. A leitura, apenas como obrigação, na maioria das vezes, não desenvolve leitores que sejam apaixonados pelo ato de ler. 

No momento em que a escola torna a leitura algo obrigatório na vida de uma criança, ela vai crescer entendendo que aquilo é seu trabalho, que ele, apesar de não querer, precisa fazer. Não adianta estimular a leitura e não ensinar e demonstrar sobre a diversão que vêm junto a ela. Por isso é importante a escola trabalhar todos os tipos de gêneros literários.

Existe um grande preconceito com os livros de fantasia, porém eles são a porta para a literatura, são divertidos e leves de serem lidos, instigam a criatividade e melhoram o vocabulário da mesma forma que um livro de fatos históricos. Dar de presente o tão famoso Harry Potter a uma criança, faz com que ela descubra mundo novo, de bruxos, dragões, um mundo de novos sentimentos e novas palavras. Possibilita o desenvolvimento do sonho!

Os livros não precisam ensinar apenas fatos históricos, contas complicadas ou grandes biografias. Eles podem trazer muitas reflexões sobre o valor das amizades e do companheirismo, sobre honestidade, respeito e muitos outros valores imprescindíveis. Os jovens precisam perceber a importância disso, pois ler não é uma obrigação ou um trabalho, é reflexão, é paixão e sabedoria!

Na realidade, o problema não é que os jovens não gostam de ler, eles apenas estão, a todo momento, cercados de tantas informações e sem o verdadeiro estímulo para a leitura, que eles não dão o devido valor ao ato de ler. Isso não é um problema que não tenha solução, os livros precisam ser democratizados para todos e precisamos que os adultos e as escolas estimulem a leitura, façam com que os jovens esquecem esse julgamento errado da literatura e abram essa porta tão importante para eles próprios.





sexta-feira, 21 de maio de 2021

A era do cancelamento


O cancelamento foi um dos temas centrais da edição 2021 do Big Brother Brasil. Quando se trata de um jogo de exposição e julgamento, é interessante perguntar "Quis custodiet ipsos custodes?", traduzido como "Quem guarda os guardiões?" 


A influência que a internet tem com as pessoas é algo impressionante, mobilizando milhões de pessoas a favor ou contra algo ou alguém, tanto de forma negativa como positiva. Quem guarda os famosos? Quem realmente permite suas posições de figuras públicas? Com isso conseguimos nos perguntar, o que é o cancelamento? 


Esse é um ato que ocorre geralmente com pessoas públicas, é uma ação de boicote para um indivíduo que compartilhou uma opinião questionável ou controversa, ou que no passado teve comportamento percebido como ofensivo, imoral, preconceituoso ou contra as leis nas redes sociais. 


Apesar de muitas pessoas pensarem que o cancelamento só atinge famosos, os fazendo perder patrocínios, trabalhos e grandes oportunidades na carreira, ele tem uma proporção muito maior. Muitos fãs tem uma relação de idolatria com seus ídolos, levando tudo o que eles postam como verdades absolutas, isso é uma grande ponte para a desinformação e fake news. 


Quando uma pessoa tem tanta influência social sobre inúmeros internautas podem haver grandes linchamentos sociais e até mesmo perseguições online. As pessoas anônimas não tem como contornar a situação com advogados caros ou grandes assessores, não tem orlas de fãs para os defenderem. Nós sabemos a influência que um grande discurso de ódio pode ter em uma sociedade, por isso é muito importante acabar com essa cultura de cancelamento. 


Em muitos cancelamentos que já ocorreram na internet as pessoas nem sabem como a história começou e de onde veio toda a confusão, porém com toda a disseminação de uma história apelativa sendo noticiada a todo instante faz as pessoas mandarem ódio e terem uma atitude de falsa justiça. Muitas pessoas também impulsionam o cancelamento para ganhar likes, o simples fato de "lacrar" já traz toda a satisfação na hora de cancelar alguém, ser melhor e mais "íntegro" que o cancelado faz as pessoas se sentirem satisfeitas. 

 

Quando cancelamos uma pessoa, estamos tirando dela suas oportunidades de mudar e aprender com seus próprios erros, apagamos sua existência sem pensar nos prejuízos que podem ser acarretados a sua carreira e vida pessoal, além da saúde mental pois geralmente cancelamentos acarretam muitas ofensas e até ameaças de morte. Muitos internautas cobram 100% de posicionamento de seus ídolos, não dão chances para explicações  ou mudanças em comportamentos errados, assim as pessoas se dão o direito de fazer sua própria justiça. Aos poucos os influencers vêm se tornando pequenos robôs "anti-cancelamentos", com discursos prontos e equipes os assessorando a todo instante com medo de perder seu posto.


Voltando ao jogo BBB, tivemos muitos exemplos disso, a cantora Karol Conká foi o maior caso de rejeição do programa, porém muitos internautas também julgaram atitudes da campeã Juliette como erradas e dignas de serem canceladas. O jogo teve uma dinâmica extremamente real, num dia você cancela e no outro você é cancelado.


Quando evitamos ou negamos o debate, perdemos a oportunidade de aprendizado e de ressignificação, não só do cancelado mas também dos fãs que os idolatram e acham que suas atitudes erradas estão corretas, em uma situação como essa o diálogo e o aprendizado deveriam ser o mais importante. Os  usuários mais jovens pensam que cancelando uma pessoa estão evitando propagar o mau, porém eles acabam sendo tão agressivos e maldosos quanto o cancelado… Não existe somente uma visão correta, não existe ninguém perfeito e simplesmente negar a existência de alguém não vai fazer ela mudar ou se tornar alguém melhor.


Esperamos que com as novas gerações essa cultura não continue, é algo totalmente infantil e que não serve de proveito para ninguém, não é errado ser contra falas e atitudes ruins, o errado é levar o cancelamento como a única saída existente. As pessoas precisam aprender a ver os outros como pessoas também, todos erram, todos precisam aprender e todos tem sentimentos que devem ser levados em consideração.