segunda-feira, 27 de julho de 2015

Não foi Cabral!

Funk porque sim!

  A Xepa apresenta funk, porque gosta de cultura e discussão, coisas que essa música mostra muito bem.
  O gênero é uma das principais expressões culturais do nosso povo, e mesmo sofrendo, ainda, muito preconceito, nesse mês ganhou visibilidade de diversos grupos sociais, gerando discussão sobre a história do Brasil na letra “Não foi Cabral”.
  Na letra “Não foi Cabral”, MC Carol escancara a forma de ensino nas escolas e dá um baile (funk) sobre a história do Brasil. Por meio do funk, MC Carol contesta a história do Brasil, simulando a situação em que uma aluna se revolta ao apresentarem em sala de aula o conceito de que o Brasil foi “descoberto” por Cabral, a partir disso ela utiliza argumentos de resistência ao eurocentrismo.  Condenando a forma que os europeus - representados por Pedro Álvares Cabral - se relacionaram com índios e negros – representados pelo genocídio dos índios e por Zumbi e Dandara, símbolos da resistência negra - ao se instalarem e explorarem o terreno, já habitado, portanto já descoberto.
Confira a letra “Não foi Cabral” :
Professora me desculpe
Mas agora vou falar
Esse ano na escola
As coisas vão mudar
Nada contra ti
Não me leve a mal
Quem descobriu o Brasil
Não foi Cabral
Pedro Álvares Cabral
Chegou 22 de abril
Depois colonizou
Chamando de Pau-Brasil
Ninguém trouxe família
Muito menos filho
Porque já sabia
Que ia matar vários índios
13 Caravelas
Trouxe muita morte
Um milhão de índio
Morreu de tuberculose
Falando de sofrimento
Dos tupis e guaranis
Lembrei do guerreiro
Quilombo Zumbi

Zumbi dos Palmares
Vitima de uma emboscada
Se não fosse a Dandara
Eu levava chicotada

MC Carol




terça-feira, 7 de julho de 2015

Frida quem?

Saiba quem foi Frida Kahlo, ativista e artista mexicana.



Essa é a semana de aniversário da Frida, e a Xepa vai ti contar um pouco sobre ela. Para entendermos as pinturas de Frida Kahlo precisamos conhecê-la.

Frida Kahlo foi e ainda é uma das principais referências no mundo da  arte. Além disso, destacou-se na política como ativista na luta pelos  direitos das mulheres, tornando-se um símbolo para feministas, e pelo partido comunista mexicano, mais que isso lutou pela reafirmação da identidade do povo mexicano, coisa que transpareceu na estética: nas cores vivas, vestimentas e penteado.

Texto integralmente retirado do site Uminha


Frida Nasceu em 1907 no México, mas gostava de declarar-se filha da revolução ao dizer que havia nascido em 1910. Sua vida sempre foi  marcada por grandes tragédias; aos seis anos contraiu poliomelite, o que à deixou coxa. Já havia superado essa deficiência quando o ônibus em que passeava chocou-se contra um bonde. Ela sofreu multiplas fraturas e uma barra de ferro atravessou-a entrando pela bacia e saindo pela vagina. Por causa deste último fez várias cirurgias e ficou muito tempo presa em uma cama.
Começou a pintar durante a convalescença, quando a mãe pendurou um espelho em cima de sua cama. Frida sempre pintou a si mesma: "Eu pinto-me porque estou muitas vezes sozinha e porque sou o assunto que conheço melhor". Suas angustias, suas vivências, seus medos e principalmente
seu amor pelo marido Diego Rivera.



A sua vida com o marido sempre foi bastante tumultuada. Diego tinha muitas amantes e Frida não ficava atrás, compensava as traições do marido com amantes de ambos os sexos. A maior dor de Frida foi a impossibilidade de ter filhos (embora tenha engravidado mais de uma vez, assequelas do acidente a impossibilitaram de levar uma gestação até o final), o que ficou claro em muitos dos seus quadros. Os seus quadros refletiam o momento pelo qual passava e, embora fossem bastante "fortes", não eram surrealistas: "Pensaram que eu era surrealista, mas nunca fui. Nunca pintei sonhos, só pintei minha própria realidade". Frida contraiu uma pneumonia e morreu em 1954 de embolia pulmonar, mas no seu diário a última frase causa dúvidas: "Espero alegremente a saída - e espero nunca mais voltar - Frida". Talvez Frida não suportasse mais.

Fique agora com uma entrevista :
Texto integralmente retirado do site Guia do Estudante
(Entrevistador desconhecido)

 Você nasceu em 1907, mas gostava de dizer que era de 1910, ano que marcou o início da Revolução Mexicana. Por quê?

Frida Kahlo – Era uma licença poética, muchacha! Afinal, sempre me identifiquei com os ideais nacionalistas que motivaram a derrubada da ditadura de Porfírio Diaz. Eu era adolescente quando a revolução terminou, em 1917, com um saldo de mais de 1 milhão de mortos. Venustiano Carranza subiu ao poder e adotou um nacionalismo, veja só, que fazia concessões a empresas americanas. Só alguns anos depois entendi que o movimento não foi bem-sucedido politicamente, mas favoreceu uma efervescência cultural que celebrava o retorno às nossas origens indígenas.

Foi por isso que você passou a usar saias longas e coloridas, blusas com bordados, coques e fitas?
Minhas roupas são uma extensão de minha manifestação artística. Comecei a usar esse estilo depois que me casei com o Diego, em 1929. Ele levava muito a sério o compromisso de pintar, em seus murais, temáticas sociais e históricas, usando elementos da arte popular mexicana. Resolvi fazer isso também. Não só em meus quadros daquela época, mas em meu jeito de vestir. Às vezes, usava uma espécie de blusão, com uma trança na frente, que no México chamamos “huipil yalalteco”. Em outras, colocava roupas de “tehuana”, com anáguas e bordados, símbolo da mulher forte. O Diego adorava! Mas quando minha auto-estima ia para o chão – por causa dele, lógico –, ou quando eu simplesmente queria provocar, vestia trajes masculinos.

Sua relação com Diego Rivera não foi das mais tranqüilas, não é?

(Frida solta um longo suspiro) Não, pelo contrário: foi uma turbulência! Casamos, nos divorciamos e voltamos a casar. Tive vários relacionamentos extraconjugais, inclusive com mulheres, mas ele – e só ele – foi o grande amor da minha vida. Diego me dizia o mesmo, apesar de suas incontáveis puladas de cerca. Acredita que até com minha irmã Cristina ele teve um caso? Hombre, como chorei no dia em que descobri. Eu costumava dizer que sofri dois acidentes na vida: um foi no ônibus e o outro, Diego. Porém, ele era minha seiva, minha inspiração, meu grande companheiro. Graças a ele, me sentia a mulher mais especial do mundo.

Como foi a experiência de morar nos Estados Unidos?

Diego recebeu vários convites para pintar murais ou expor trabalhos por lá. Por isso, moramos um tempo em São Francisco, mas também estivemos algumas vezes em Detroit e Nova York, entre outras cidades. Fiquei impressionada com o estilo de vida americano, fincado no progresso industrial, na falta de valores humanos e na ausência de tradições. Eu me perguntava: esse país não tem história? Cheguei a pintar alguns quadros com essa indagação. Tudo tão frio e artificial... Às vezes, me sentia num galinheiro sujo e incômodo. Acho que peguei pesado, não? Pode cortar essa frase, se seu editor achar que é demais.

E o episódio do Rockefeller Center, em Manhattan?

Pois é, o Diego tanto teimou em pôr um retrato do Lênin no mural que acabou sendo despedido! Veja bem: Lênin num elegante edifício capitalista! Devo confessar que adorei a irresponsabilidade dele... Éramos comunistas, por que negar isso?

O que os ideais do comunismo significavam para você?

Uma crença profunda e um amparo nos momentos de desilusão. Eu era completamente devotada ao movimento revolucionário. Jovem ainda, me filiei ao Partido Comunista Mexicano. Nem sempre estive próxima da militância, mas jamais deixei de acreditar num mundo sem classes, com justiça social. Lênin, Stálin, Mao... todos esses foram meus ídolos.

E Trótski?

Chica, essa história já deu o que falar. Eu e Diego conseguimos permissão para abrigar Trótski e a mulher durante o asilo político dele no México, em 1937. Nós dois passávamos boa parte do dia conversando sobre política e arte. Surgiu, então, uma admiração mútua. Como eu estava separada de Diego, deixei rolar... E rolou. Foi só um affair. Trótski era muito carinhoso, mas do jeito dele: russo demais e latino de menos, entende?

Se pudesse, você mudaria algo em sua vida? Faria algo diferente?

Nada. É claro que preferiria não ter sofrido o acidente, mas isso estava além do meu controle. Também queria muito ter sido mãe, mas não consegui. De qualquer modo, vivi o suficiente. É como eu disse na última linha do meu diário: “Aguardo alegre a saída e espero não voltar jamais”.
*Maria Fernanda Vomero é editora de cinema da revista Bravo. É fã de Frida Kahlo e de seus auto-retratos, que, segundo ela, expressam a alma feminina de modo universal. Quando esteve no México, no ano passado, fez questão de ir ao museu sobre a pintora. Em São Paulo, quando não está vendo filmes, até arrisca umas pinceladas.


Referências