quinta-feira, 16 de dezembro de 2021

Minissérie: A língua inglesa na fala jovem brasileira II - Entrevista

   

Voltando ao tema do uso do inglês na linguagem informal e tecnológica, fizemos uma entrevista com Luiz Felipe Cabral de Souza, estudante do IFSP Salto.

- Você diria que, no seu cotidiano, usa uma linguagem mais formal ou informal?

“Depende do local e das pessoas. Se estou com meus amigos, minha linguagem tem formalidade zero. Mas quando a situação é mais formal, estou falando com alguém mais velho ou uma autoridade, costumo aumentar o nível do meu português, ‘upgradá-lo’.”

- Usar uma linguagem informal ajuda na fluidez da conversa com seus amigos?

“Se o meu amigo já está acostumado com a minha linguagem, ajuda muito, as minhas gírias com certeza são algo benéfico. Isso até muda a aura da conversa, vira outro ‘hype’, até deixa mais interessante e descontraído.”

- Você usou várias palavras do inglês agora comigo. Eu também com certeza uso, principalmente no contexto informal. Você também costuma usar palavras do inglês na sua linguagem informal? Se sim, de onde acha que vem essa influência?

“Sim, eu uso bastante. Isso vem muito dos jogos, da mídia que eu consumo. Querendo ou não, o inglês é a língua principal do mundo, a gente acaba absorvendo essa influência. O brasileiro é muito bom em adaptar as coisas, e a gente adapta esse vocabulário também.”

- Esse ponto é interessante, você acha que a gente muda as palavras que vem da gringa? Mudamos o som, o formato, etc?

“Com certeza. A gente pega essas palavras do inglês e aproxima elas, pra ficar mais fácil de falar e também pra dar outro sentido, deixando aquilo mais fácil de entender.”

- Pode dar um exemplo de alguma palavra do inglês que você usa bastante?

“Sim, um bom exemplo é ‘spoiler’. A gente usa muito no sentido original de entregar os acontecimentos de um filme, só que em alguns contextos a gente muda muito essa palavra. Por exemplo, quando alguém te dá um 'spoiler', você fala ‘não, para de me spoilar’. “

- Ao usar essas palavras, você observa uma mudança ou ampliação do significado?

“Se a gente pega a palavra, a gente quer usar o significado. Pode haver mudança no significado sim, mas normalmente ainda tem alguma relação. Em jogos, quando você fica muito tempo jogando e coletando recursos, você fala que tá ‘gridando’’. Mas fora dos jogos, eu posso falar vou 'grindar' aquela série. Mesmo que mudou a situação, de alguma forma ainda tem uma semelhança no significado.“

- Mas talvez vá para além da fala informal, você é da área de informática. Você acha que também há essa influência em contextos técnicos na área da tecnologia?

“Sim. Às vezes até tem algum termo mais correto, mas o termo em inglês é mais usado. Na programação a gente fala, para mostrar algo numa tela, ‘printar’, ‘printei isso ou aquilo’.”

- E por que o inglês tem tanta influência na tecnologia?

“Porque muita coisa da área vem dos EUA ou de outros países que usam o inglês como padrão por causa da influência americana”.

Percebemos como, de fato, o inglês é influente no contexto informal e também no técnico. Realmente, esse impacto linguístico tem muito haver com o poder dos países anglófonos como a Inglaterra e os EUA no cenário geopolítico mundial. É interessante também como nós adaptamos a palavra por completo, alterando aspectos como: pronúncia, morfologia e até a classe da palavra.

Agradecemos ao Luiz Felipe Cabral de Souza pelo seu tempo, atenção e contribuição ao nosso blog.

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