segunda-feira, 18 de novembro de 2019

Semana da Consciência Negra: Religiões de Matriz Africana


      Desde que os primeiros escravizados chegaram no Brasil, eles utilizam sua religiosidade como forma de preservar suas tradições, idiomas, valores e conhecimentos trazidos de sua terra natal. Daquela época para cá, tais religiões sofrem perseguições e até mesmo proibições, sendo rotuladas como “culto aos demônios”, “feitiçaria” e outros termos racistas.
      Essas expressões religiosas correspondem o lugar onde está guardada a cultura dos escravizados trazidos a força para o Brasil, sendo preservada e mantida. A seguir, vamos contar um pouco mais sobre os dois maiores grupos de ancestrais africanos que originaram essas manifestações.





     Bantus: o grupo mais numerosos, eram Angola-Congoleses e Moçambiques. Sua origem é onde atualmente fica Angola, Zaire e Moçambique, destinados ao Maranhã, Pará, Alagoas, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo. Os primeiros escravos a chegarem no Brasil, e juntamente com os indígenas, fundaram o candomblé de caboclo, se tornando a primeira a manifestação religiosa de origem africana do país.

     Iorubas: também conhecidos como Nagôs-Sudaneses eram formados pelos povos iorubas, jejes e fanti-ashantis, trazidos de onde atualmente é a Nigéria, Daomei e Costa do Ouro, geralmente indo para a Bahia. Juntamente com eles haviam os muçulmanos, não-escravizados e guerreiros, que em sua maioria foram trabalhar nos engenhos de cana-de-açúcar.




     Esses povos uniram-se e fundiram suas culturas, construindo e reinventando sua religiosidade e conhecimento. Algumas manifestações que surgiram dessa junção:


  •             Batuque: com sua sede localizada no Rio Grande do Sul, estende-se para outros países, como Uruguai e Argentina. Derivada de religiões dos povos da Costa da Guiné e da Nigéria.

  •          Candomblé:  Os primeiros terreiros de candomblé surgiram no Calundu colonial da Bahia, e junto com eles, a organização político-social religiosa. As irmandades também não podem ser deixadas de lado, sua origem a mistura da cultura dos escravizados com o catolicismo. A Irmandade da Boa Morte, é a mais antiga, e fundou os alicerces para que as demais casas de candomblé pudessem ser criadas.

  •         Cabula: É uma seita surgida na Bahia, no final do século XIX, com caráter secreto e fundo religioso. Ela possuía forte influência da cultura afro-brasiliera, principalmente dos malês, bantos com sincretismo causado pela difusão da Doutrina Espírita nos últimos anos do século XIX. Classificada como candomblé de caboclo, precursora da Umbanda, cultuada na Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

  •          Culto aos Egungun: É o culto aos ancestrais masculinos, originário de Oyo, capital do império Nagô, implantado no Brasil nos primeiros anos do século XIX. Praticado na Ilha de Itaparica na Bahia, porém também existem cultos em outros estados.

  •       Catimbó: Catimbó-Jurema, ou apenas Jurema, a religião que faz uso de sessões de Catimbó na veneração da Jurema sagrada e dos Orixás. É um culto híbrido, nascido do contato entre as espiritualidades indígena, europeia e africana, em solo brasileiro.

  •     Umbanda: Religião brasileira que sincretiza vários elementos, até mesmo de outras religiões como o catolicismo, espiritismo, religiões afro-brasileiras e religiões indígenas. A palavra Umbanda deriva de m’banda, que significa sacerdote ou curandeiro, em quimbundo, um idioma banto.

  •        Quimbanda: Ramificação da umbanda, fundado pelo médium brasileiro Zélio Fernandino de Morais. Como outras religiões, dentro da quimbanda, existem vários segmentos de desenvolvimento, mas trabalhar respeitando as leis da Umbanda é o princípio fundamental.

  •       Xambá: Religião afro-brasileira ativa em Olinda, cidade no Pernambuco. Considera-se que este culto está quase extinto no país.

  •      Omolocô: Culto presente no Rio de Janeiro, mas migrou da Bahia e também se encontra no Rio Grande do Sul. Surgido entre o povo africano Lunda-Quiôco, é caracterizado por práticas rituais e cultos aos Orixás, Caboclos, Pretos-velhos e demais Falangeiros de Orixás da Umbanda. É apontado por estudiosos e praticantes como influenciador da formação da Umbanda, ao lado do Candomblé de Caboclo, do Cabula e do próprio Candomblé. 



      Ao nos depararmos com tal riqueza cultural, não podemos deixar de reconhecer a importância do respeito a essas manifestações religiosas, sem preconceito e julgamentos, já que toda a história de um povo está contida dentro de tais cultos.


PRISCO, Carmem. Religiosidade: As religiões de matriz africana e a escola. A Cor da Cultura, 18 out. 2013. Disponível em: http://www.acordacultura.org.br/artigos/18102013/religiosidade-as-religioes-de-matriz-africana-e-a-escola. Acesso em: 7 nov. 2019.

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