sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Minissérie: A língua inglesa na fala jovem brasileira

    


  

Parte da nossa língua cotidiana é formada por palavras que não são exatamente portuguesas, ou seja, não surgiram "naturalmente" no idioma nem vieram diretamente do latim. Todas as línguas mudam e se influenciam, não é coisa só nossa. 

Atualmente, porém, vemos, na fala informal brasileira, especialmente a das novas gerações, uma alta taxa de vocabulário vindo do inglês. Eu afirmo isso como uma pessoa jovem que utiliza, ao falar a minha língua, palavras da outra.

O inglês também tem a sua cota de empréstimos. Apesar de ser uma língua germânica, boa parte de seu vocabulário é de origem latina. Em 1066, os normandos, povo da França, invadem a Inglaterra, influenciando a língua e trazendo esse vocabulário. Neste caso, foi mais uma imposição do que um empréstimo.

As influências de uma língua sobre outra distinta podem estar ligadas a acontecimentos culturais, históricos e tecnológicos. 

Temos muito vocabulário árabe, por exemplo, por conta da presença histórica dessa etnia em Portugal e Espanha.

Falando em tecnologia, temos muitas palavras inglesas relacionadas à informática. Há palavras como clique, já absorvida formalmente à língua, e outras, como switch, ainda não formalizadas. Ambas, click e switch, sofreram adaptações.

No inglês, muitas palavras terminam em consoantes — som de “k” /k/ em click e “tch” /ʧ/ em switch, por exemplo. Na nossa língua, contudo, existe um problema: a maioria das palavras termina em vogal e isso pode ser uma grande dificuldade para nós ao pronunciarmos palavras inglesas. Percebe-se que, por conta disso, adaptamos a pronúncia, colocando uma vogal e, assim, adicionando uma sílaba a mais. Note, neste vídeo comparativo do canal Chris Gringo, nomes como Outback e McDonald's e a adição de "i":

A presença do inglês se faz presente nos artefatos culturais que perpassam áreas da tecnologia. É o caso da música Meu Colorista da banda Supercombo. Nela, são utilizados termos relacionados à edição de filmes como storyboard e frame com a mesma adaptação nos sons ao fim das palavras: 

Na canção, também há o termo “dropar”. Neste caso, temos não só adaptações na pronúncia mas também na morfologia da palavra, na qual é adicionada, à raiz do inglês drop, a terminação “ar”, marcando o termo como verbo para nós brasileiros.

Esta influência é ainda mais forte na população jovem, que está ligada ao processo de utilização de novas palavras e renovação da língua. Assim, a fala jovem é uma das que mais utiliza palavras do inglês cotidianamente, ainda mais considerando a inserção em ambientes de rede social e cultura globalizada.


Para saber mais: 



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